O agronegócio paranaense foi o tema central da edição de maio do Fórum Empresarial promovido pelo jornal Diário dos Campos e pela Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg). Na noite da última terça-feira (24), o presidente do Sistema FAEP / SENAR-PR, Ágide Meneguette, ministrou palestra sobre “O papel do agronegócio no desenvolvimento econômico do Paraná”, no centro de convenções do hotel Slaviero, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O evento reuniu mais de 200 pessoas, além de autoridades locais como o prefeito Marcelo Rangel e o secretário municipal de Agricultura, Ivonei Afonso Vieira.
Durante a palestra, Meneguette destacou os principais investimentos que precisam ser realizados nos próximos anos para que a cadeia do agronegócio continue crescendo e gerando renda e empregos no Estado. “Não precisamos apenas de investimentos em rodovias e ferrovias. Muitas regiões precisam urgentemente de sistemas de energia condizentes com as necessidades dos produtores. Os aviários, por exemplo, aumentaram de tamanho em relação ao passado. Temos casos de produtores que ficaram 12 horas sem energia e perderam produção”, relatou.
O evento também foi palco para Meneguette antecipar alguns detalhes do programa de recuperação de solo e água, para evitar perda de produtividade nas propriedades, que está sendo desenvolvido pela FAEP, Seab, Ocepar e Fetaep. O programa terá cinco eixos, que envolvem, entre outras ações, a formação de técnicos para atuar junto aos produtores, recuperação das microbacias do Estado e o desenvolvimento de novas tecnologias para agropecuária.
“O trabalho começa agora para que os resultados possam aparecer daqui alguns anos e permitam um novo salto de produtividade no Paraná”, destacou. Nas últimas duas décadas, a produtividade paranaense cresceu 128%, acima da média nacional.
Pauta constante nos eventos com participação da FAEP, o pedágio também fez parte da discussão. Como já é de conhecimento público, a instituição defende a renovação da concessão das rodovias federais no Paraná, mediante repactuação dos contratos. Uma eventual prorrogação dos contratos permitiria baixar o preço das tarifas e intensificar as obras de duplicação das rodovias de forma imediata.
“Tem gente contra, achando que devemos esperar 2022 [quando vencem os contratos atuais] para então fazer uma nova licitação. Se essa discussão permanecer, vamos continuar sem obras no Paraná. Ou seja, com pistas simples pelo menos por mais uns 20 anos”, lamentou o presidente da FAEP.
Meneguette utilizou Ponta Grossa como um exemplo de município beneficiado economicamente pela malha viária de pista dupla. “A cidade é esse polo por conta da infraestrutura. A Ambev, por exemplo, veio para região por conta disso. A concessionária que administra o trecho, inclusive, duplicou a estrada até a porta da fábrica. Se o governo não tem dinheiro, precisa dar condições para iniciativa privada fazer.”
Para concluir, Meneguette fez uma análise da situação política atual do Brasil. O presidente da FAEP acredita que o governo interino pode recuperar, ao menos, parte da credibilidade do país. “O Brasil está desacreditado no mercado internacional, o que desestimula investimentos estrangeiros. Agora, com o governo Temer, existe uma esperança tanto para população como para os empresários”, disse.
Veja alguns pontos do discurso do presidente da FAEP, Ágide Meneguette
– Estamos numa situação que precisa de mudanças para que possamos continuar aproveitando essa vocação agrícola, grande sustentáculo dos municípios do interior.
– Hoje há um vazio tecnológico no campo em relação ao uso do solo e, consequentemente, da água, a base da agropecuária e do agronegócio.
– Não há mais recursos no momento e nem no futuro. Se a sociedade pretende ter um estado mínimo, que cuide das ações mais importantes, como saúde, educação, segurança e justiça.
– Se continuarmos sem uma discussão séria sobre a repactuação dos contratos de concessão, vamos continuar sem obras no Paraná. Quer dizer, vamos continuar com pistas simples pelo menos mais uns 10 ou 20 anos.
– Se não houver um esforço para manter doenças e pragas longe dos nossos produtos, podemos perder mercado.
– A ideia é implantar tecnologia, que os austríacos nos fornecerão, para utilizar os dejetos de aves, suínos e gado de leite para a produção de biogás.
– É de se esperar um aperto fiscal que reduzirá violentamente os recursos do Tesouro Nacional, até que, daqui há algum tempo – talvez anos – seja possível reequilibrar as finanças do Estado brasileiro.
– Ao olhar para todos esses desafios, vemos que os problemas econômicos e sociais também são do agronegócio e o agronegócio é de todos nós.
Crédito Foto: Toninho Anhaia
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Fonte: Sistema FAEP