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PRESERVAÇÃO DE BACIAS

Lançado pelo Governo do Paraná no ano passado, o Programa de Gestão do Solo e Água em Microbacias já está sendo implantado em diversos municípios. O projeto está em operação em 34 microbacias, número que deve chegar próximo de 70 até o fim do ano. O programa é um conjunto de ações para recuperar e manter a capacidade produtiva dos solos e melhorar a qualidade da água dos rios.

Ao todo, a iniciativa prevê a gestão de 350 microbacias em quatro anos, o que deve beneficiar cerca de 29 mil famílias de agricultores, com elevação da produtividade e, consequentemente, da renda. O investimento total estimado é de R$ 47 milhões.

O programa está sendo colocado em prática pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em parceria com o Instituto Emater, produtores rurais, comunidades e prefeituras. Segundo o secretário Norberto Ortigara, há uma ameaça real à manutenção dos elevados níveis de produtividade nas lavouras do Paraná, com consequente reflexo na geração de renda nas propriedades, se não forem retomadas práticas de conservação já consagradas.

Referência

O Paraná já foi referência na área de manejo de solo na década de 1980, mas muitas práticas acabaram sendo abandonadas ao longo do tempo.

- Se não fizer a gestão correta das microbacias, o produtor não apenas vai registrar perdas no solo por conta de erosão e assoreamento, mas também pela perda da qualidade da água, com consequente redução da fertilidade da terra e da produção”, diz Ronei Luiz Andretta, engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura e assessor técnico do projeto. O produtor reconhece a importância dessas ações, porque sente na pele o desgaste do solo, com a perda de produtividade. Os agricultores entendem que o solo é o patrimônio deles – afirma. 

Beneficiados

As primeiras 34 microbacias dispõem de R$ 4,13 milhões em recursos do programa e atendem cerca de 5 mil famílias rurais.

Em Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná, cerca de 90 famílias já foram beneficiadas pelo programa, em quatro comunidades na região do rio Jirau – Fazenda Mazurana, São Braz, São Pedro do Bandeirante e Santo Antonio.

A gestão da microbacia, que começou há quase um ano, está em fase final, de acordo com Vinícius Deotan Coletti, chefe do núcleo regional da Secretaria da Agricultura e chefe do grupo gestor do programa na região. “Os trabalhos incluíram manejo do solo, integração entre estrada e lavoura e redução do uso de defensivos agrícolas”, explica.

De acordo com ele, o programa envolveu o terraceamento com trator de pneu e de esteira, aquisição de corretivos do solo, de materiais para construção de salas de espera para bovinocultura leiteira (manejo de dejetos) e para construção de cisternas, bem como a aquisição de um equipamento terraceador de base larga.

Capacitação

Os produtores familiares – com atuação principalmente na área de grãos, leite e avicultura – participaram de cursos e receberam orientação de técnicos da Emater e da Secretaria da Agricultura. O próximo passo, de acordo com Vinícius Coletti, será implantar o programa em outros municípios da região, como Nova Esperança do Sudoeste, que deve beneficiar 60 famílias, e em Salto do Lontra, com 300 famílias de produtores rurais. As duas cidades estão na microbacia do Rio Lontra.

Noroeste

Em Terra Boa, no Noroeste do Paraná, os trabalhos de preservação da microbacia do Ribeirão do Figueira estão adiantados. Na região, o principal desafio era fazer a correção do solo, com a aplicação de fósforo e calcário. O esterco proveniente da avicultura da região também está sendo aplicado como fertilizante.

Além da correção do solo, os trabalhos incluíram o isolamento das margens do rio e coleta e destinação adequada de lixo e embalagens. A próxima etapa é fazer a proteção das nascentes dos rios.

- Não há mais áreas para expansão da agricultura na região de Terra Boa. A saída é manter a fertilidade do solo para poder manter os níveis de produtividade nos próximos anos – afirma Paulo Roberto Preto, coordenador regional da Emater em Cianorte. 

A intenção é fazer, a partir de agora, o monitoramento das condições dos solos. De acordo com ele, a microbacia inclui 111 propriedades rurais e 42 famílias de produtores. As principais atividades são o cultivo de soja e milho e a sericicultura. Na região, os próximos municípios a implantar o programa serão Cidade Gaúcha, Rondon e Indianópolis.

Áreas com erosão

O Paraná tem cerca de 6 mil microbacias. As 350 escolhidas para o Programa de Gestão do Solo e Água em Microbacias tomam como base áreas com agricultura e pecuária intensiva com problemas de erosão, uso intensivo e inadequado de agrotóxicos e fertilizantes, alta fragilidade de solos (arenito Caiuá e Litoral paranaense) e com alta demanda de água. Além disso estão sendo priorizadas áreas com grande contingente de agricultores familiares.

A ideia é que as ações realizadas nessas microbacias tenham um efeito multiplicador para a comunidade, que pode, inclusive, procurar outras fontes de financiamento para alavancar as ações iniciadas pelo governo estadual.

O programa lista 12 ações diferentes atividades, entre ações individuais dos produtores e coletivas para melhorias das regiões de microbacias. Entre elas estão o terraceamento, aquisição de equipamentos e insumos, integração de estradas e lavouras, colocação de cercas, saneamento doméstico, proteção de nascentes e fontes de água, captação e armazenamento de água. Os produtores também poderão receber financiamentos nas ações individuais até o limite de R$ 6 mil cada um em cada microbacia.

Os recursos vêm de um programa multissetorial do Banco Mundial (Bird), estimado em R$ 714 milhões – 49% bancado pelo banco e 51% pelo governo estadual. O programa de gestão de microbacias conta com 6,7% desse valor em quatro anos. Os convênios entre a Seab e as prefeituras são firmados, em média, por dois anos, e está previsto um gasto de até R$ 210 mil por microbacia.

Fonte: Agência Estadual de Notícias- Paraná



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