Após três anos de preços baixos, descapitalização e saída de muitos produtores da atividade, a temporada 2015/16 tende a ser melhor para os citricultores paulistas. Com os estoques de suco de laranja devendo se reduzir ao final desta safra, as processadoras fizeram as primeiras propostas de contratos já em abril, tendo sido bem recebidaspelos produtores. A possibilidade de melhores preços, porém, está acompanhada de dívidas adquiridas em safras passadas e de aumento nos custos de produção.
Esse cenário de desafios e também as perspectivas da citricultura paulista são o tema da Edição Especial Citros da revista Hortifruti Brasil (distribuição gratuita), do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A pesquisadora e professora da Esalq/USP Margarete Boteon, apresenta esse contexto na próxima quinta-feira, 28 de maio, na 37ª Semana da Citricultura, que acontece no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis (SP).
Com base em diferentes pesquisas, incluindo a realizada em 2014 com o apoio da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) a respeito dos custos de produção da laranja, a pesquisadora destaca a importância de o produtor se disciplinar para ter conhecimento dos seus custos.
- Este é o primeiro passo que ele possa administrar bem os recursos financeiros e técnicos que empenha na citricultura. Para recuperar os prejuízos das safras passadas e se manter na atividade, é preciso identificar e corrigir as ineficiências. Otimizar a mão de obra, por exemplo, é fundamental – orienta Margarete.
O Especial Citros faz uma breve retrospectiva das três últimas safras, quando os citricultores independentes receberam (mercado spot) menos que o preço mínimo oficial, e apresenta as perspectivas para a temporada 2015/16. São avaliados os dados mais recentes da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo) a respeito da saída de muitos citricultores da atividade e, por consequência, a concentração da produção em grandes propriedades.
Para além da constatação do cenário presente, a equipe Citros Cepea apresenta coeficientes técnicos obtidos em apurações de campo e destaca os pontos críticos. É preciso, por exemplo, reduzir o tempo das operações e a quantidade de mão de obra para a realização de uma atividade. Para tanto, é fundamental que o produtor tenha um monitoramento de todas as operações envolvidas na produção.
A recuperação dos preços na temporada 2015/16 e a perspectiva de cenário mais favorável também nos próximos anos podem dar um alívio ao fluxo de caixa das propriedades citrícolas e um incentivo para os produtores reforçarem a eficiência técnica. Sem remuneração compatível, não há gestão capaz de, por si só, melhorar as margens da citricultura. Mesmo com a recuperação dos preços, mas diante do aumento dos custos de produção e da incidência de doenças e pragas, o produtor ainda tem muito a fazer para que, ao final de uma safra, tenha uma rentabilidade que o anime para se manter na atividade.
Prêmio
A pesquisadora do Cepea Margarete Boteon será homenageada na 37ª Semana de Citricultura, com o “Prêmio GCONCI 2015 – Hall da Fama da Citricultura Brasileira”. Trata-se de uma deferência anual prestada pelo Grupo de Consultores de Citros a profissionais que têm destacada contribuição ao setor citrícola.
Fonte: Cepea