Os preços do café podem ficar mais altos para o consumidor. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) considera a possibilidade de torrefadoras e processadoras elevarem em 20% ou mais o valor médio do produto em relação ao que tem sido praticado atualmente nas negociações com as redes de varejo.
O diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, afirma que a forma e o período do aumento dependem dos contratos das indústrias com os varejistas. Ele explica que, em alguns casos, são estabelecidas regras defornecimento de café com preço anterior ao repasse por um determinado tempo.
- É muito difícil o varejo assumir isso imediatamente, mas o repasse é inevitável – afirma.
A indústria argumenta que não tem mais como segurar a pressão sobre os custos provocada pelo aumento da matéria-prima, especialmente o café conilon, usado nas misturas que chegam ao varejo. As plantações sofreram severas perdas por problemas climáticos em diversas regiões neste ano.
No Espírito Santo, maior produtor nacional de conilon, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)estima a safra atual em 5,820 milhões de sacas de 60 quilos, volume 30,7% abaixo do colhido no ano passado (7,761 milhões de sacas) e 45,9% inferior ao da temporada 2014 (9,949 milhões de sacas). Especialistas já consideram remota a possibilidade de uma recuperação significativa dos cafezais capixabas e dos volumes do grão na próxima safra, a ser colhida em 2017.
Essa conjuntura levou a uma disparada nos preços pagos ao cafeicultor, como apontam os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Dando sequência a uma série de recordes, a referência para o conilon fechou em R$ 522,91 na sexta-feira (21/10). No mesmo dia, a do arábica foi de R$ 509,61 a saca de 60 quilos.
Fonte: Revista Globo Rural