Os agricultores que plantam algodão estão com a margem apertadíssima entre o custo de produção e o preço da pluma. A alta do dólar, o alto preço dos defensivos agrícolas, das sementes e dos fertilizantes, o preço baixo, as reduzidas comercializações do produto, podem puxar uma queda da área de plantação em Mato Grosso. A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pode ser a luz no fim do túnel. Enquanto isso não é definido, cabe ao cotonicultor retomar as estratégias da atividade agrícola e fazer com excelência o trabalho de casa.
“Esse é mais um momento de desafios para toda a cadeia produtiva do algodão. É um cenário em que especialmente o produtor terá de mostrar conhecimento, ser eficaz nas boas práticas agrícolas e usar a tecnologia. A agronomia permite tomadas de decisões e tecnologia não significa mais consumo, e sim informação, a junção do conhecimento científico aplicada à uma atividade”, afirmou Leandro Zancanaro, diretor técnico da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), durante o XI Encontro Técnico de Algodão que se encerrou nesta quinta-feira (12) em Cuiabá (MT).
A seleção das melhores áreas com alto potencial produtivo, o uso da poupança do solo, o plantio de variedades mais precoces, o manejo cultural são algumas das alternativas apontadas por Zancanaro para o cotonicultor conseguir reduzir os custos de produção e aumentar a produtividade.
“Tudo isso é muito possível. É um grande desafio para a classe produtora enfrentar esse cenário não muito favorável, mas precisamos olhar para as opções”, disse.
Para Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mudanças, mesmo que pequenas, podem ocorrer se houver reação do mercado consumidor, como por exemplo do mercado asiático.
“Se a guerra entre Estado Unidos e a China prolongar talvez possamos fazer frente ao mercado. Mas isso vai depender da área que os cotonicultores irão plantar.”
Segundo Latorraca, a preocupação maior é com os produtores que não comercializaram seu produto. Na safra anterior cerca de 60% da produção já estava comercializada com bons preços nessa época do ano. Da safra atual, apenas 44% foram até agora negociada.
“Quem não vendeu seu algodão está numa situação complicadíssima. Não há previsão de melhorias dos preços e o custo de produção manteve em patamar elevado. É momento do produtor realmente lançar mão de todo conhecimento que ele tem sobre plantar e colher bem.”
O produtor Sergio De Marco e ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) também concorda que o cenário da safra 2019/20 vai exigir muito de toda classe produtora.
“Teremos de tirar alternativas da cartola, e elas existem. É mais uma oportunidade de criarmos soluções em meio da crise e tomar decisões mais assertivas.”
Fonte: DATAGRO