O governo federal, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deve anunciar nesta semana um apoio financeiro à comercialização do trigo. A produção nacional, em fase final de colheita, com 6,5 milhões de toneladas, somada a uma expectativa de importação de 3,5 milhões de toneladas, derruba os preços no mercado interno e deixa a atividade no vermelho. Segundo o que secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, antecipou a lideranças do setor, serão liberados R$ 150 milhões, recurso suficiente para apoiar o escoamento de 1,2 milhão a 1,7 milhão de toneladas. O objetivo é tentar assegurar o preço mínimo ao cereal.
Os produtores aguardam a publicação com expectativa. Em pouco mais de quatro meses o preço pago ao produtor caiu de R$ 45 para menos de R$ 35/saca. No caso do trigo classificado como pão tipo 1, abaixo do preço mínimo de R$ 38,65/saca. Ou seja, uma cotação pela qual o agricultor não cobre nem mesmo os custos de produção. Quem dirá remunerar a atividade. Uma realidade que se agrava, pelo menos do lado do produtor, com a demora na intervenção federal. As negociações de apoio à comercialização têm mais de dois meses. Apesar da urgência, o processo, que precisa de validação do Ministério da Fazenda, ficou travado, para não dizer parado, no Ministério da Agricultura.
Se o assunto fosse tratado com a celeridade necessária, o mercado talvez não tivesse sido rebaixado com a intensidade e rapidez como ocorreu. No Paraná, maior produtor nacional, a sexta-feira registrou média de R$ 34,79 e mínima de R$ 30/saca. No valor menor, mais de 40% abaixo do preço mínimo. Contudo, o governo também precisava de tempo para ouvir e negociar com os moinhos. Representantes do Mapa, inclusive, estiveram em reunião exclusiva com o setor industrial aqui no estado. Encontro para o qual o setor produtivo não foi convocado. Talvez esteja aí o motivo da demora no encaminhamento do processo em Brasília.
Fonte: Gazeta do Povo