Os preços do trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) devem continuar com tendência altista, pelo menos até o fim do ano, estima a consultoria INTL FCStone.
“Esse movimento é atípico, considerando-se que a sazonalidade dos preços do trigo no Hemisfério Norte sugere uma queda acentuada nos preços do cereal a partir do mês de agosto, tendência que se estende até o mês de dezembro”, explica a INTL FCStone, em relatório.
As cotações do cereal estão 14,3% acima da média dos últimos três anos. Segundo a consultoria, o resultado da safra argentina e o clima na época de plantio do Hemisfério Norte vão direcionar as cotações do cereal nos próximos meses. “Os preços devem continuar sob a influência do mercado de clima”, projeta a FCStone.
A consultoria atribui o movimento às condições climáticas desfavoráveis que atingem as principais regiões produtoras. No primeiro semestre deste ano, uma severa estiagem preocupava triticultores dos EUA, Argentina, Rússia e Ucrânia. Neste momento, já na metade do segundo semestre, as condições das lavouras da Austrália, Canadá, União Europeia (UE) e Brasil tomam atenção dos traders.
“Nos meses mais recentes, as chuvas voltaram com certa regularidade à boa parte das áreas de cultivo da UE, dos Estados Unidos, da Argentina e do Brasil, beneficiando as lavouras desses países”, pondera a FCStone.
Na Austrália, as precipitações continuam abaixo da média, prejudicando o potencial de rendimento da safra que começou a ser colhida em outubro. Já na Rússia, as chuvas intensas atrasam o trabalho de plantio de trigo de inverno.
Quanto à Argentina, os temores quanto ao impacto da seca no rendimento da lavoura continuam, uma vez que a safra será colhida apenas em dezembro. A consultoria considera que o clima de cautela quanto à safra do país sul-americano tem sustentado os preços argentinos, que registravam altas frequentes por causa do aumento nas exportações em meio a uma oferta recorde de 18 milhões de toneladas no ciclo 2017/2018. As retenciones, importo sobre as exportações aplicado pelo governo local, também contribuiu para segurar os preços do cereal.
“Mesmo com a reaplicação das tarifas, as exportações argentinas continuam bastante elevadas, principalmente porque o Brasil, país beneficiado pela vigência da Tarifa Externa Comum (TEC) entre os países do Mercosul, depende do produto argentino para o seu abastecimento interno”, avalia a INTL FCStone.
De acordo com a consultoria, o volume importado de trigo argentino pelo Brasil em 2018 é superior à média dos últimos três anos, desde novembro de 2017. A exceção são os meses de março e junho de 2018. Somente em julho deste ano, houve um incremento de 68,9% no total importado do cereal.
Fonte: Globo Rural