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PREÇO DO TRIGO CAI E DEVE AFETAR CUSTO AO CONSUMIDOR

O preço do trigo pago ao produtor caiu 13,3% em um mês no Paraná, o que deve ter reflexo também no custo para o consumidor de produtos derivados do grão. O valor médio da saca da commodity recuou de R$ 42,25 no dia 28 do mês passado para R$ 36,60 ontem, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria do Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab). A justificativa é a expectativa de safra de trigo equivalente à do ano passado na região e a maior colheita na Argentina a partir de dezembro.

A notícia é ruim para o agricultor paranaense, porque o custo médio de produção estava ontem em R$ 39,05, ou acima do valor pago pela saca, segundo o Deral. Para o consumidor, no entanto, existe a expectativa de mais promoções em produtos como pães, bolos e massas industrializados. Ainda, a inflação sobre a farinha de trigo tem sido acima da média em um ano. De janeiro a agosto, o preço da farinha de trigo ainda aumentou 1,00% em Curitiba e 5,17% no País, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses, no entanto, a variação chega a 14,54% na capital paranaense e em 11,18% no Brasil.
O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), Claudio Zanão, afirma que a demanda nacional por trigo é de 10 milhões de toneladas, o que gera dependência externa, principalmente da Argentina, maior fornecedora do País. Para ele, a vantagem neste ano é um cenário macroeconômico melhor para o setor, com menores avanços do câmbio, nos preços da energia elétrica e maior dificuldade de trabalhadores de conseguir a reposição da inflação nos salários.

Promoções
Ao consumidor, no entanto, a diferença deve aparecer na forma de promoções, não de redução nos custos, diz Zanão. “Quando o varejo mexe no preço na ponta, o consumidor foge, então eles dificultam ao máximo a negociação com a indústria caso aumentemos nossa tabela. Por isso, também não podemos diminuir o preço porque fica difícil aumentar depois”, conta.
O resultado são liquidações como pague dois e leve três, ou pague por 100 e leve 120 gramas, explica. “A promoção do produto significa que tenho uma margem para dividir com o varejo”, afirma o executivo da Abima. Tudo depende, porém, dos estoques, da necessidade de fazer caixa e de estratégias de cada empresa. “Felizmente, o mercado é livre e se um produto começa a ser vendido mais barato e o outro, não, o consumo desse segundo para”, completa.

Dificuldades
O Deral deve divulgar hoje que a expectativa de safra no Paraná será de 3,24 milhões de toneladas neste ano, pouco abaixo dos 3,28 milhões de t do ano passado. Houve redução de 20% na área plantada, muito pela melhor remuneração para o milho de segunda safra. Mesmo assim, com o crescimento da produtividade, a colheita deve ser o equivalente à demanda estadual.
O problema, para o produtor nacional, é o aumento da área plantada na Argentina, depois que o novo governo mudou a política de cobrar impostos para grãos por lá. Para o analista de produção de trigo do Deral, Hugo Godinho, a colheita no Paraná, que já está em 39%, e a projeção de alta na produção do país vizinho a partir de dezembro devem dificultar a vida do produtor. “Ou ele vende abaixo do custo de produção, o que gera prejuízos que somente são amenizados por avanços tecnológicos, ou tem o custo de estocar e esperar os leilões de preço mínimo (de custo) da Conab”, diz.
Godinho, no entanto, lembra que nem sempre essa diferença chega ao consumidor. “O preço da aquisição de trigo é menos determinante no custo final do que energia elétrica e mão de obra. Ainda, os industriais reclamaram muito quando o dólar disparou, então podem tentar recuperar essa margem de lucro perdida.”

Fonte: Folha de Londrina

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Fonte: Sistema FAEP



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