Maior produtor de trigo do Brasil, o Paraná já colheu aproximadamente dois terços do 1,083 milhão de hectares dedicados à cultura na safra atual, segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura. Mas os produtores não têm motivos para comemorar. Cotada a R$ 36, em média, a saca de 60 quilos está abaixo do preço mínimo definido pelo governo federal, estipulado em R$ 38,65. Ao todo, o estado espera colher 3,2 milhões de toneladas.
Zanão também explica que há outros fatores que pesam, como as estratégias adotadas por cada uma das indústrias e pelas redes varejistas.
- Existem empresas que têm produtos estocados que foram comprados quando o preço da farinha ainda estava alto e não podem abrir mão. Existe supermercado que comprou quando estava caro e não pode baixar. Não há uma regra específica – explica.
Segundo ele, muitas empresas aproveitam o momento para fazer promoções, aumentar o share, ganhar mercado, espaço e até diminuir preço.
- É tudo uma questão de estratégia e planejamento. Há quem precise fazer caixa, repor custos, há quem possa adotar uma postura diferente. É a lei do mercado. Não é igual para todos. Cada indústria toma a decisão com base na necessidade dela – afirma. – Mas há sim uma oportunidade grande para que os preços caiam – disse.
De acordo com o analista da Safras e Mercado Jonathan Pinheiro, estoques mundiais elevados e a expectativa de grandes colheitas no Brasil e na Argentina pressionam para baixo o preço do cereal no mercado interno. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher 6,2 milhões de toneladas, 12,1% a mais do que na safra passada, quando houve quebra de produção no Rio Grande do Sul. Os argentinos apostam numa colheita de 14 milhões de toneladas.
- Com retirada do imposto de exportação do trigo na Argentina, as chamadas retenciones, o país aumentou a produção e ganhou competitividade – explica Pinheiro. – A tendência é que os preços por aqui continuem caindo – acrescenta.
A expectativa é que a safra argentina comece a entrar no mercado em dezembro.
A opinião é dividida pelo analista da AF News Gabriel Ferreira.
- Até novembro, com certeza, a tendência é de queda. A oferta é grande e os moinhos estão abastecidos. Existe praça, inclusive, onde o preço nem foi fixado – afirma.
Fonte: Gazeta do Povo