Após um ano singular em 2019 para a pecuária, com preços da arroba do boi gordo recordes em todas as regiões produtoras do Brasil, a consultoria Safras & Mercado estima que o cenário desenhado para 2020 também é muito positivo, tanto para pecuaristas como para frigoríficos.
Para o analista de mercado Fernando Iglesias, o estreitamento com o mercado da China resultou em mudanças profundas na pecuária de corte do Brasil. Com isso, o patamar de preços que excede a marca de R$ 200 por arroba tem potencial para se estabelecer em 2020, avaliando o represamento dos preços nos últimos três anos, nos quais não houve espaço para altas.
A consultoria afirma que o volume de carne bovina exportado ao gigante asiático já apresentava sinais de forte avanço em 2018, mas no segundo semestre de 2019 houve um salto ainda mais impressionante, após a habilitação de diversas unidades frigoríficas para os embarques rumo aos portos chineses.
“O resultado prático do expressivo crescimento das exportações foi um descolamento dos preços em toda a cadeia pecuária, de maneira uniforme e agressiva. A oferta limitada de animais terminados, prontos para o abate, no decorrer do segundo semestre, também justificou o movimento”, assinalou o analista.
A consequência dessa disparada foi que toda a volatilidade no mercado de carne bovina gerou também um movimento de alta nas proteínas animais concorrentes, diante da dificuldade do consumidor final em absorver seguidos reajustes de um mesmo alimento. “Assim, não houve alternativa ao consumidor médio que não migrar para as carnes de frango e de porco”, relembra.
As projeções da consultoria Safras & Mercado apontam para novo crescimento das exportações de carne bovina em 2020, puxado novamente pela demanda pujante da China e por uma modesta alta na produção doméstica brasileira.
Os embarques deverão totalizar 2,8 milhões de toneladas, com alta de 6% em relação aos 2,6 milhões de toneladas em 2019. Já a produção de carne bovina deve atingir o patamar de 9,46 milhões de toneladas, um crescimento de 1,9%.
Além disso, a empresa afirma que o quadro de oferta e demanda interna não deve apresentar mudanças substanciais na comparação com 2019, o que oferecerá suporte aos preços domésticos.
“Apenas uma retração repentina e intensa nas exportações pode mexer nesse cenário, pois certamente acarretaria em queda dos preços domésticos”, pondera Iglesias.
Em um ambiente altamente favorável às exportações, com uma demanda aquecida, diante de uma perspectiva do dólar operando entre R$ 3,90 e R$ 4,10 no ano de 2020, é muito provável que os frigoríficos seguirão muito focados no mercado externo.
“As receitas, também, apresentaram um interessante incremento ao longo de 2019, com indícios que o ano de 2020 será novamente pautado por crescimento”, finaliza.
Fonte: Canal Rural