Motivados pelos altos preços da última safra, quando a saca ultrapassou os R$ 40, muitos agricultores investiram confiantes no milho. Foi o caso do produtor, Paulo Rogério Weidlich, que não cultivou o grão em 2015/16 e nesta temporada destinou 35% da área para a cultura. Weidlich recorda que antes de iniciar o plantio, no momento da compra de insumos para a implantação da lavoura, a cotação estava em R$ 43/saca e atualmente o preço reduziu em mais da metade, está em R$ 20,50/saca.
- Eu e muitos agricultores deixamos de fazer a venda antecipada na faixa de R$ 40/saca. Eu achava muito cedo, é uma cultura de alto risco e tinha a previsão de La Niña que poderia reduzir as chuvas e provocar falta de milho no mercado, além disso, diziam que a oferta não era boa – relata.
Com o milho valendo somente R$ 20,50/saca, o produtor calcula que é preciso colher 130 sacas/ha somente para pagar os cultos da lavoura, sem contar os investimentos em maquinário e terra. Ele também admite que em patamares acima de R$ 40/saca inviabiliza a produção de frangos e suínos.
- O Governo Federal deveria intervir para manter a saca entre R$ 30 e R$ 32 – um valor bom para o produtor e para toda a cadeia produtiva – enfatiza.
O bom desempenho das lavouras brasileiras nesta safra de verão, a cotação na Bolsa de Chicago atrelada ao dólar na faixa entre R$ 3,10 e R$ 3,15 e a incerteza no mercado de carnes após a Operação Carne Fraca, que descobriu fraudes em frigoríficos nacionais, acabou retirando compradores de milho do mercado interno e afetando diretamente a lei da oferta e procura. Esses fatores foram determinante para a queda significativa na cotação do grão, conforme avaliação do analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas, Adriano Gomes.
- Sem a recuperação das cotações em Chicago e o incerteza na comercialização da carne, deixam o mercado do milho sem rumo – reitera Gomes.
E as boas perspectivas da safrinha de milho no Brasil já sinalizam para uma cotação ainda pior: o milho disponível que é vendido hoje (início de abril) por R$ 17,80/saca tem contrato futuro para entrega em julho na região de Sorriso/MT por R$ 13,50.
- A tendência é o preço permanecer em baixa, mas ainda é cedo, a safrinha do milho pode ter quebra em função do clima e esse cenário pode mudar – ressalta o analista de mercado.
Esta temporada, mesmo com os altos índices de produtividade do milho, da soja e do trigo, Weidlich estima queda entre 20% e 25% no faturamento da propriedade.
- Todos que participam da cadeia produtiva tiveram lucro, menos o agricultor – reforça.