As cotações da soja e do milho na Bolsa Internacional de Chicago (CBOT) despencam na sessão desta segunda-feira, 9. O vencimento de março da soja caia 2,4%, a US$ 861,7 por bushel, enquanto o vencimento de maior tinha queda de 1,90%, a US$ 874,2 por bushel.
De acordo com a consultoria Terra Agronegócio, o mercado repercute o avanço do coronavírus, principalmente em países da Europa, que poderia diminuir a atividade global e consequentemente a demanda por produtos agrícolas.
“Nós temos uma Europa com problemas de crescimento, com questões políticas internas. Os Estados Unidos cortando a taxa de juros em reunião extraordinária, que indica que a principal economia do mundo está preocupada com o coronavírus”, diz o analista Ênio Fernandes.
Ele relembra ainda que a Itália registrou um crescente número de casos da doença.
“O mundo já está com dificuldade de crescimento e essa situação afeta a demanda por commodities e a remuneração dos produtores a nivel global. Quando se olha para frente, no longo prazo, o que se vê é o mundo crescendo menos”.
Brasil
O especialista afirma que o produtor brasileiro ainda conta com uma ‘válvula de escape’, por conta do dólar, que mantém as cotações em alta.
“Mas se você olhar os Estados Unidos, Argentina e Paraguai, que são ‘dolarizados’ essa valorização da moeda norte-americana preocupa. O único país que está conseguindo renta é o Brasil”, diz.
Ele comenta que a demanda pelo produto segue boa, sendo excessão entre os outros países. Já o milho conta com a demanda interna aquecida.
Comercialização
Para os produtores que estão com dívidas em dólar, caso de grandes agricultores de Mato Grosso e do Matopiba, região que compreende o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba), a valorização do dólar é grande risco.
No entanto, a maioria dos médios produtores do Brasil, que possuem dívidas em reais, estão aproveitando o momento.
“A grande maioria comprou insumo com dólar mais baixo e agora com a moeda acima de R$ 4, chegando a R$ 4,70 consegue boas margens”.
Segundo a Terra Agronegócio, 15% da safra 2020/2021 de soja já foi comercializada.
“Alguns produtores já fecharam as vendas e quem não é deste mundo especulativo, precisa fazer o ‘arroz com feijão’, ou seja: se travou o fertilizante, aproveita e vende parte da soja para cobrir esse custo, se comprou semente, faz o mesmo”, indica.
Fonte: Canal Rural