Embora haja um programa efetivo e consistente direcionado à prevenção e controle em todo o Estado, algumas pragas fazem parte da realidade agrícola rondoniense e causam preocupação, conforme análise feita pelo agrônomo João Paulo Souza Quaresma, coordenador de pragas da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron). Segundo ele, a Idaron trabalha no monitoramento de pragas em todas as lavouras do Estado, mas algumas são disseminadas e já causam prejuízos, diminuindo a produção, a qualidade da produção e a comercialização. O controle normalmente exige o uso agrotóxicos, mas algumas pragas criaram barreiras e são mais resistentes. Além do trabalho que realiza no âmbito do Estado, a Idaron também atua no controle de pragas nas regiões de fronteira com monitoramento das lavouras, avaliando o nível de danos causados.
Entre as pragas presentes nas lavouras do Estado estão a Nematoide das galhas do cafeeiro e a ferrugem asiática. Outra preocupação, conforme observou o coordenador de pragas da Idaron, é quanto a entrada de máquinas agrícolas porque transportam restos de terra que podem contaminar a área destinada ao plantio no Estado. Segundo ele, essas máquinas precisam ser lavadas antes de começarem a ser utilizadas na preparação do solo para o plantio. Os nematóides são organismos do solo (pequenos vermes microscópicos) que atacam o sistema radicular do cafeeiro, tornando as plantas fracas e improdutivas, dificultando a absorção de água e sais minerais, causando morte das raízes, queda das folhas e até a morte das plantas. Penetram nas raízes e nelas se reproduzem.
- No Estado o trabalho é direcionado ao controle e fiscalização das mudas, que somente podem ser vendidas se comprovadas estarem livres da praga – informa João Paulo Quaresma.
Espécies menos agressivas das pragas no estado
Em Rondônia estão presentes as espécies menos agressivas: Meloidogyne exigua e Incognita, que se reproduzem muito facilmente nas lavouras de café e em frutas e hortaliças. Amplamente disseminado na cafeicultura brasileira, tem contribuído para redução da produtividade do cafeeiro. Causa sintomas típicos de galhas nas raízes mais finas e raramente ataca a raiz principal ou as raízes mais grossas do cafeeiro. Muito preocupante porque contamina o solo e obriga os produtores rurais a mudarem a cultura ou aceitarem o nível de perdas. Em alguns casos não existe nenhuma possibilidade do controle.
Já a ferrugem asiática, doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das doenças que mais têm preocupado os produtores de soja. O seu principal dano é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com a consequente redução da produtividade.
- Exige cuidado muito grande por parte do produtor porque tem se tornado resistente aos produtos agrotóxicos – destaca o coordenador.
A produção de soja está mais concentrada em municípios do cone sul.
Idaron atua no monitoramento das lavouras
Em todo o Estado existem em torno de 1300 propriedades produtoras de soja e os técnicos da Idaron tem visitado todas elas no trabalho preventivo junto aos produtores. João Paulo Quaresma observa que o vazio sanitário, que se estende de junho a setembro, tem sido utilizado pela Idaron como uma estratégia importante no controle da ferrugem asiática.
- O fungo somente consegue viver em hospedeiro vivo e o vazio sanitário quebra o ciclo da praga. O problema maior é quando surge no início da planta – assinala.
A monilíase do cacaueiro é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, praga de grande importância econômica na cultura do cacau pelo ataque direto nos frutos. Mas, ao contrário das outras pragas que atacam o cacaueiro, a monilíase tem ação específica e direta nos frutos de cacau, portanto a percepção de perda na produção tem caráter imediato. Rondônia, Bahia, Pará e Espírito Santo respondem juntos por uma produção anual próxima de 200 mil toneladas. A monilíase também ataca as lavouras de cupuaçu, de acordo com o coordenador de pragas da Idaron.
- Embora em Rondônia não se tenha registro da monilíase, a preocupação deve-se ao fato de que no Peru e na Bolívia a praga já esteja prejudicando as lavouras – acrescenta.
No Estado são aproximadamente 1200 propriedades rurais produtoras de cacau e de cupuaçu.
Já o câncro cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, ataca todas as variedades e espécies de citros e constitui-se numa das mais graves doenças da citricultura brasileira. Não há medidas de controle capazes de eliminar completamente a doença. Apesar de não constatada no Estado, a Idaron trabalha no sentido de impedir que a praga encontre espaço nas lavouras de cítricos. É a chamada doença do ramo amarelo e causa danos às lavouras e prejuízos financeiros aos produtores rurais. Técnicos da Idaron monitoram a entrada de frutas críticas vindas de outros estados, cujo trabalho tem sido intensificado nos últimos dois anos e as frutas críticas de outros estados só entram em Rondônia mediante a apresentação de documentos que comprovem estarem livres da doença. A produção cítrica está mais presente em municípios da região central do Estado. A laranja enfrenta a grande concorrência da fruta cultivada em São Paulo, mas a produção de lima ácida é comercializada para os estados do Amazonas, Acre e Mato Grosso.
Fonte: Diário da Amazônia