exporetação eua

POUCA COMPETITIVIDADE

A constante queda nas importações do País está se traduzindo em perda de competitividade para a indústria nacional, avaliam especialistas entrevistados pelo DCI. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que as compras de máquinas e equipamentos industriais pelo Brasil já caíram 15,5% nos cinco primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, e 27,9% em maio, ante o mesmo mês de 2014.

- Ao longo dos últimos dez anos, o significativo incremento das importações no País foi acompanhando pelo crescimento das exportações. Muitas vezes, a elevação das vendas externas foi maior até do que a compra de produtos – observa o professor do MBA de finanças do Instituto Insper, Otto Nogami, a respeito da importância das importações para a indústria exportadora nacional. 

A professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mônica Romero, concorda com essa análise e diz que a desvalorização do real frente ao dólar tem reduzido a agregação de valor na produção brasileira.

- A moeda desvalorizada não só diminui as importações, como reduz aquelas que estimulam a agregação de valor aos produtos. Quando se tem uma moeda forte, é possível escolher os melhores fornecedores, comprar mais tecnologia – diz a professora. 

- O problema é que o Brasil não está parando de comprar somente “quinquilharias”. Estamos reduzindo as importações em setores onde a economia se movimenta, como de matérias-primas e intermediários voltados para a produção. Isso significa que o nosso processo de montagem está sendo prejudicado – complementa Romero. 

Segundo o MDIC, as importações de insumos e intermediários caíram em 16,1% de janeiro a maio deste ano, contra o mesmo período de 2014.

- Vivemos em um sistema de cadeias globais de valor onde nada mais é produzido em um país só. A desvalorização do real atinge, por exemplo, uma indústria muito importante para o Brasil: a Embraer. O projeto de um avião desta companhia é nacional, mas a maioria dos seus componentes é importado de outros países. Nesse caso, uma peça de alta tecnologia usada nos aviões da Embraer não tem como ser substituída por uma nacional –  exemplifica a especialista da FGV. 

Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização Mundial do Comércio (OMC) do ano de 2013, mostrou que o Brasil é um dos países com menor participação de produtos importados em suas exportações, de cerca de 10% apenas.

Impostos 

Apesar do Brasil já ter uma política de redução de alíquotas de impostos importação para determinados produtos, Nogami afirma que isso, muitas vezes, não acontece em setores estratégicos.

- Quando se trata de máquinas, equipamentos e ferramentas para a indústria, o Brasil pratica alíquotas de importação mais altas do que as permitidas pela OMC. O problema é que não existe produção nacional com valor agregado no setor, com alta tecnologia – diz Nogami. 

Os combustíveis foram os principais produtos em que o Brasil reduziu o seu consumo. Até maio deste ano, a queda nas compras foi de 35,5%, em relação a igual período de 2014, e de 46,8% somente em maio, ante o mesmo mês do ano passado.

- Nossa demanda de combustíveis está menor. As pessoas estão comprando menos automóveis, a renda da população caiu e, consequentemente, o consumo de bens duráveis reduziu. Além disso, há a queda de preços no mercado internacional – afirma o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Celso Grisi. 

Perspectiva 

Grisi tem uma avaliação mais positiva do que os outros especialistas. Ele diz que, apesar do processo de desindustrialização, o Brasil ainda possui um parque industrial ocioso, principalmente no setor de transformação, que pode ser reutilizado, na medida em que a demanda cresça.

- Aquilo que depende de grandes investimentos, tende a demorar mais. Mas há capacidade instalada para produzir muitas coisas. A indústria de transformação, por exemplo, tende a se beneficiar com a desvalorização da moeda – comenta o professor da Fipecafi. 

As regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste foram as que apresentaram as maiores quedas nas importações, em 23,4%, 20,8% e 20,5%, respectivamente. No Norte, a retração foi de 17,5% e no Nordeste, de 7,0%. Nogami explica que o desempenho das compras externas das regiões reflete o dinamismo e a representatividade econômica de cada uma delas.

Fonte: DCI

 



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.