Mais de 30% das lavouras de soja de Mato Grosso da safra 2015/16 estão consideradas em situação ‘péssima ou ruim’, conforme novo levantamento divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os pontos mais críticos, aqueles em que o Instituto avalia com potencial produtivo abaixo de 50 sacas por hectare (sc/ha), seguem nas regiões médio norte e nordeste. No médio norte, por exemplo, que concentra mais de 40% de toda a produção de soja do Estado, a colheita teve início há alguns dias e a produtividade média das propriedades tem variado entre 10, 30 e até 60 sacas.
Como explicam os analistas do Imea, por meio do Boletim da Soja, nesse terceiro levantamento das condições das lavouras foi reduzido para baixo a percepção do que era considerado ‘bom e excelente’, que agora é de 28,9%. “Houve uma migração, reduziu-se o percentual de ‘bons e excelentes’, ou seja, de lavouras com potencial acima de 50 sacas/ha e aumentou, mesmo com o período chuvoso, o volume de lavouras em condições ‘ruis ou péssimas’. No próximo levantamento, já em fevereiro, acredito que tenhamos melhores condições de avaliar os impactos da chuva sobre a nova safra estadual”, observam os analistas, via trecho do Boletim.
Conforme o levantamento, a região mais crítica é a nordeste onde cerca de 41,2% das lavouras foram consideradas ‘ruis ou péssimas’ em razão do potencial produtivo. Em seguida está o médio norte com 31%, o noroeste com 28,8% e centro-sul com 28,1%. As regiões norte, oeste e sudeste estão na porção inversa. Têm a maior parte das lavouras em situação ‘boa e excelente’. No sudeste, por exemplo, cerca de 24,3% do que está campo foi avaliado como ‘ruim ou péssimo’ pelo Imea.
O mês de janeiro entrou na reta final e foi todo marcado por chuvas em abundância em todo Mato Grosso. Apesar da fartura hídrica, na sojicultura pouca coisa mudou. Os estragos que os meses de seca fizeram sobre as lavouras de setembro a dezembro tornaram-se irreversíveis e a condição no campo segue de alerta com muita soja avaliada como de baixo poder produtivo. Como explicam os produtores, essa safra foi a mais cara da história, com custo final de cerca de R$ 3 mil/ha, o que em sacas demandou investimentos de 41 sacas a 44 sacas, por isso há muita preocupação com o rendimento final das lavouras.
O presidente do Sindicato Rural de Sorriso (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), Laércio Lenz, conta que a situação das lavouras preocupa porque as chuvas chegaram tarde demais. “A soja que está sendo colhida agora é aquela soja precoce e superprecoce que foi plantada entre setembro e outubro e pegou toda a seca. Essas precipitações devem beneficiar a soja mais tardia, isso se não atrapalhar a colheita e se não oportunizar a infestação de fungos, como a ferrugem asiática”. Ainda como explica o ruralista, a seca que afetou a soja mais precoce atingiu o período de formação do grão e por isso não houve mais tempo para recuperação. “Temos produtores que estão colhendo dez sacas por hectare, teve gente que abandonou a soja e plantou o milho por cima”.
O município que é o maior produtor de soja do mundo, que vinha ofertando anualmente cerca de 2,2 milhões toneladas, segundo Lenz, tem perspectiva de perda de 400 mil toneladas até o momento, uma queda anual entre 15% a 20%.
Fonte: Diário de Cuiabá
Fonte: Canal do Produtor