A principal estrela do Agronegócio gaúcho deve ocupar 5,523 milhões de hectares nesta safra – 5% a mais que a temporada passada, conforme projeção da Emater. A expectativa é que os sojicultores colham 47 sacas por hectare (2.820 quilos/hectare) – redução de 3% na comparação com a produtividade anterior, somando uma produção de 15,8 milhões de toneladas. A consultoria Safras & Mercado aposta em uma safra cheia – 103,5 milhões de toneladas no Brasil e 16,1 milhões de toneladas em uma área estimada de 5,4 milhões de hectares no RS, mas quem será determinante para confirmar esses números é o fenômeno climático La Niña, que diminui a chuva no sul do País.
La Niña de fraca intensidade
Conforme o agrometeorologista da Somar Meteorologia, engenheiro agrônomo Marco Antonio dos Santos, esta safra não será de altos índices de produtividade, mas, por outro lado, não é um ano tão pessimista diante da presença do La Niña.
- Passarão frentes frias no Rio Grande do Sul que provocarão chuvas e depois uma semana com tempo seco. O grande problema é que essa chuva será irregular: 50 milímetros em uma propriedade e no vizinho pode ter só 5 milímetros.
Essa grande variabilidade de chuva deve provocar diferenças significativas de rendimento nas lavouras entre as regiões e, até mesmo, em propriedades no mesmo município. Conforme o agrometeorologista, as regiões mais prejudicadas serão a Campanha e Fronteira Sul, mas sem grandes impactos. No Norte e Noroeste, principais produtores de soja no Estado, serão períodos curtos de estiagem, não ultrapassando 15 dias de tempo seco. O La Niña de fraca intensidade será mais sentido no período entre o final de fevereiro e início de março e, especialmente, no mês de dezembro. Com o último mês do ano mais seco, as consequências serão mais significativas para a cultura do milho.
– Não será uma safra como 2014/15 e 2015/16 com bons volumes de chuva, mas também não será nenhuma desgraça – avalia Marco Antonio.
Já para o produtor rural de Água Santa, no norte gaúcho, Rafael Cabeda, o clima pode ser favorável. Nos 200 hectares cultivados neste ano espera colher 70 sacas/ha ante as 65 sacas/ha obtidos na última temporada. Com a autoridade de quem desenvolve e valida novas tecnologias de várias empresas por meio da Cabeda Pesquisa e Desenvolvimento, o agricultor esclarece que os dois principais responsáveis pela queda de produtividade são a falta de chuva e o controle de doenças, especialmente a ferrugem asiática, devido a resistência química do fungo aos fungicidas.
– Quando chove muito aumenta a pressão de doenças, principalmente a ferrugem que está resistente aos fungicidas sistêmicos, então estamos tendo perdas significativas – relata.
O La Niña que reduz a chuva no Sul do País acaba amenizando dois problemas: além do excesso de umidade potencializar as doenças, ele reduz a qualidade do grão na época da colheita.
ÁREA DE SOJA 2016/17(em milhões de hectares)
Brasil – 34,1
Mato Grosso – 9,3
Paraná – 5,4
Rio Grande do Sul – 5,4
Goiás – 3,3
Mato Grosso do Sul – 2,5
Bahia – 1,6
Minas Gerais – 1,4
Santa Catarina – 0,639
Estimativa: Consultoria Safras & Mercado.