Nesta quinta-feira (15) tem início o plantio de soja da safra 2016/17 em Mato Grosso. Após um ano completamente atípico, como foi o da safra 2015/16, e que gerou perdas em várias regiões do Estado, parte dos produtores entra no novo ciclo de produção descapitalizada. “A safra anterior não deixou saudades”, diz Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Endrigo Dalcin, presidente da Associação dos Pordutores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), explica o motivo: o clima adverso fez com que a produtividade média de soja do Estado caísse para 49 sacas por hectare. Na anterior, a produção havia sido de 53 sacas.
O atraso no plantio da soja, devido à seca, afetou também a safra de milho. Muitos produtores perderam o tempo ideal de plantio e, além disso, sofreram com a seca. Com isso, pelo menos 180 mil hectares da área semeada no Estado com o cereal deixaram de ser colhida. A produtividade média do Estado, que havia sido de 108 sacas por hectare na safra 2014/15, despencou para 76 sacas na de 2015/16.
Esse cenário adverso de 2015/16 interfere na safra que se inicia. Isso porque pelo menos 40% dos gastos da safra anterior foram bancados pelo próprio produtor. Sem a receita das vendas, devido à quebra de produtividade, e com dificuldade na obtenção de novos créditos nos bancos, o produtor terá menos capital para despender com as lavouras, segundo Latorraca.
A tendência é uma safra com menos recursos próprios dos produtores e mais participação das tradings nos financiamentos. “Exauriu o caixa”, diz Rui Prado, presidente do Sistema Famato/Senar. Isso traz dificuldades para a safra de soja e incertezas para a de milho, que vem na sequência, segundo ele.
Apesar dessas incertezas, o produtor de soja de Mato Grosso deverá semear uma área de 9,2 milhões de hectares e produzir, conforme previsões inciais, 29 milhões de toneladas de soja. Esses números indicam uma volta à expectativa de produção que se tinha em 2015/16, mas que foi frustrada.
Uma outra incerteza no setor é a taxa de câmbio. Os custos dos produtores nesta safra são feitos a um dólar a R$ 3,66. Qualquer valor inferior a esse na hora da comercialização vai dar um descasamento entre custos e receitas, diz Latorraca.
Fonte: Folha de São Paulo
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