Produtores de soja de Mato Grosso, maior Estado produtor da oleaginosa no Brasil, provavelmente não aumentarão a área de plantio na safra 2017/18, disseram representantes do setor em Cuiabá nesta quinta-feira, citando incertezas relacionadas aos preços do grão, o principal produto de exportação do país.
O Mato Grosso responde por quase 30 por cento da produção brasileira de soja, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em cerca de 110 milhões de toneladas.
- Nos atuais preços, produtores não estão sendo compensados. Se eu pudesse tomar a decisão sobre plantar agora, eu não teria plantado soja – disse o produtor Marcos da Rosa, nesta quinta-feira, durante conferência.
Mais cedo nesta semana, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) começou a questionar produtores sobre suas intenções de plantio.
- Precisamos de retornos para cobrir nossos custos de produção e o que investimos – disse José Guarino Fernandes, outro produtor, acrescentando que é cedo para fazer uma projeção precisa da área de plantio.
- Mas eu não vejo incentivo econômico para produtores do Mato Grosso aumentarem a área de plantio na próxima safra. -
O Brasil tem potencial para elevar a produção de milho e soja porque há áreas disponíveis para plantio que estão sendo usadas atualmente para criação de gado, disse Rosa.
RETENÇÃO DE SAFRA
Os baixos preços em Chicago estão levando produtores brasileiros a adiarem as fixações de vendas para operadores de commodities como a Bunge e a Archer Daniels Midland.
Fernandes, que não tem espaço suficiente para armazenagem, entregou sua soja, mas não fechou nenhuma venda de fato.
O plano, disse ele, – é fixar o preço quando as condições melhorarem ou quando as contas começarem a chegar. -
Condições climáticas adversas nos Estados Unidos ou um enfraquecimento do real poderiam mudar a maré em favor dos produtores brasileiros, disse Fernandes.
Elso Pozzobon, outro produtor, disse que ele também está aguardando preços melhores.
- É um ano de colheita cheia e bolsos vazios – disse ele, acrescentando que produtores podem reduzir a oferta na próxima safra como resultado.
- Vamos observar os desenvolvimentos nos EUA para analisar se devemos manter ou reduzir a área de plantio – disse Pozzobon.
No mês passado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou pela quarta vez sua estimativa para a safra de soja 2016/17 do país, estimada agora em 110,2 milhões de toneladas.
Fonte: Reuters