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Pilgrim’s Pride

Subsidiária da JBS no setor de carne de frango nos Estados Unidos, a Pilgrim’s Pride espera aumentar entre 2% e 3% a produção neste ano em comparação com 2015. A estimativa está em linha com projeções recentes doDepartamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para toda indústria de frango do país, que é de um aumento de 2,5% no volume em 2016, para 18,6 milhões de toneladas.

- Acreditamos que o quadro de oferta e demanda nos Estados Unidos está relativamente equilibrado. Os preços costumam oscilar entre janeiro e fevereiro, mas melhoram à medida que chegam a primavera e o verão – diz o CEO da Pilgrim’s Pride, Bill Lovette, em entrevista a jornalistas brasileiros, na sede da JBS USA, em Greeley, no Colorado.

Com formação em economia agrícola, o executivo nascido em Wilkesboro, na Carolina do Norte, está na empresa desde 2011.

As criações de frango da empresa são mantidas por um sistema de integração semelhante ao praticado no Brasil. A Pilgrim’s se utiliza de criatórios terceirizados e fornece às granjas os animais e insumos. A maior produção é esperada em meio a um cenário de menor pressão de custos, já que os preços dos insumos da ração animal estão e devem ser manter relativamente mais baixos em dólar.

- Nossa temporada de plantio de grãos começa em março. Se tivermos um clima que conduza a uma boa safra, acredito que vamos ter outra grande produção. Acreditamos que os níveis de preço de soja e milho devem ser manter ou até ficarem menores. Especialmente, considerando aumentos de produção no Brasil e na Argentina. Vemos pouca pressão de custos com grãos – analisa o executivo.

Investimentos

Neste ano, a Pilgrim’s anunciou investimento de US$ 190 milhões em estruturas de produção. O dinheiro, do próprio caixa da companhia, tem como foco o fortalecimento da marca Pierce Chicken, que existe há mais de 50 anos. A expectativa do CEO da empresa é de que os resultados desses aportes de recursos, que serão feitos ao longo do ano, comecem a refletir em resultados para a cadeia da empresa já em 2017.

- Alguns dos maiores projetos que receberão esses investimentos serão executados no quarto trimestre do ano. Devemos aumentar a nossa produção em torno de 10%. Nosso negócio está rentável e acreditamos que esses investimentos trarão ainda mais rentabilidade – diz Bill Lovette.

A planta de Waco, no Texas, é uma das que produzem para a Pierce Chicken e o gerente geral, Matthew Clawson, reforça essa expectativa positiva em relação aos novos investimentos. Sem local de abate, a unidade recebe matéria-prima de fornecedores. São cinco linhas de produção de alimentos cozidos e outros preparados de frango, a unidade tem capacidade de produção de mil a 1,4 mil toneladas por semana.

- A maturação desses investimentos da empresa traz uma expectativa 100% positiva para a nossa unidade. Estamos preparados para atender a essa demanda adicional – garante Clawson.

Estratégia é melhorar eficiência e agregar valor

Segunda maior companhia de frango do mundo, tem operações nos Estados Unidos, Porto Rico e México, reforçada pela aquisição de ativos antes pertencentes à Tyson Foods. Primeiro investimento da JBS no setor de aves no mundo, a empresa, criada em 1946 por dois empresários do Texas, foi comprada em 2009. Na época, a companhia brasileira adquiriu 64% das ações. Atualmente, o controle é de 75,5%, com o restante dos papeis negociadas em bolsa.

A estratégia está fundamentada em três pontos, explicam executivos. Um deles é a melhora da eficiência operacional. Só nos últimos cinco anos, os investimentos nessas melhorias foram de US$ 1 bilhão, de acordo com o diretor financeiro, o brasileiro Fábio Sandri.

- Sabemos quantos galões de água usamos para cada ave. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas nossa meta é ser a empresa mais bem gerenciada do setor – garante o executivo, um engenheiro que acumula passagens por Braskem e GP Investimentos.

Outro ponto é o foco nos chamados clientes-chave, com quem a empresa busca consolidar negócios de longo prazo, especialmente em produtos de maior valor agregado. A parcela que os diretores da empresa classificam como “added value” ainda é considerada pequena em seu portfólio, conta o diretor de operações, Jayson Penn, executivo que é da terceira geração de uma família de produtores de frango.

- A diferença principal está no relacionamento que queremos construir com esses clientes. Queremos nos distanciar da commodity para negócios de maior valor – diz.

Consequentemente, o produto de menor valor tende a ser tratado cada vez mais como complementar.

Um conceito a ser aplicado também quando se trata das exportações. Bill Lovette, o CEO da Pilgrim`s, explica que o foco está nas economias em desenvolvimento que, segundo ele, devem concentrar 83% do crescimento do consumo de carne de frango em escala global de agora até 2020.

- Temos uma estrutura de produção de frango com baixo custo, o que significa que conseguimos colocar frango barato no mercado dos países em desenvolvimento. Queremos aprender mais sobre o que os consumidores querem nos países em desenvolvimento e produzir isso – afirma.

- Se não houver problemas como a gripe aviária no ano passado, acreditamos que mais países vão demandar o produto norte-americano – acrescenta, destacando que o surto da doença não causou paradas de produção, mas impactou nos preços praticados no mercado e os negócios.

Empresa quer 25% da produção sem antibióticos até 2019

O CEO da Pilgrim’s Pride afirma também que a empresa espera até o início de 2019 pelo menos 25% de sua produção de frangos sem o uso de antibióticos, chamados nos Estados Unidos de ABF (Antibiotic Free). A decisão é uma resposta à demanda maior por esse tipo de produto. Há quem argumente que o uso dos medicamentos contribui com o surgimento de bactérias mais resistentes.

- Alguns dos nossos consumidores-chave passaram a demandar frango sem antibióticos e criamos um produto em resposta a essa demanda. Já somos um dos maiores fornecedores desse tipo de produto nos Estados Unidos – diz Bill Lovette.

Apesar disso, o CEO da Pilgrim’s Pride não descarta a necessidade de antibióticos na criação convencional de frangos. Diz apenas defender o uso responsável desse tipo de medicamento, seguindo estritamente as prescrições feitas por médicos veterinários.

- Quando o animal precisa ser tratado, o veterinário prescreve o tratamento adequado. Não adotamos nenhuma outra medida que não seja a prescrita – acrescenta.

Resultados

As entrevistas com os executivos da Pilgrim`s Pride nos Estados Unidos foram feitas antes da divulgação dos resultados financeiros da JBS, nesta semana, em São Paulo, que consolidaram também os números da subsidiária norte-americana. O lucro líquido da divisão de aves da JBS USA caiu 9,2% na comparação de 2015 com 2014, chegando a US$ 645,9 milhões. O faturamento líquido da companhia teve uma redução de 4,7% e chegou a US$ 8,18 bilhões.

De acordo com o divulgado no balanço, os resultados da empresa foram afetados pelos preços menores de cortes de frango, além do menor volume exportado. Apesar disso, a JBS considera que os números de sua subsidiária de aves nos Estados Unidos são sólidos e consistentes. Para este ano, a administração da empresa identificou possibilidades de melhorias operacionais equivalentes a US$ 185 milhões.

- Irá contribuir para aumentar a eficiência e rentabilidade da operação, além de permitir a realização de investimentos necessários voltados para atender as necessidades dos clientes chaves e expandir o portfólio de produtos preparados – avalia a direção da JBS.

Fonte: Revista Globo Rural



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