O preço do petróleo despencou nesta terça -feira (13) em um movimento que acende sinal de alerta para estados e municípios dependentes da receita petrolífera.
O petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, caiu 6,6%, para US$ 65,47 (R$ 251) por barril, diante de redução na projeção sobre o consumo em 2019.
O Brent já recuou 25% desde que tocou sua máxima em quatro anos (US$ 85,8) no início de outubro. Agora, registra o menor valor desde março.
“Não há dúvidas de que a produção precisa de cortes, já que o mercado está com excesso de oferta”, diz Carsten Fritsch, analista do Commerzbank.
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reduziu em 70 mil barris por dia a projeção de crescimento do consumo em 2019, para 1,29 milhão de barris diários.
O petróleo WTI, negociado em Nova York, terminou a sessão a US$ 55,69 (R$ 213), queda de 7,1%, a maior em um dia desde setembro de 2015. A cotação desta quinta é a menor desde novembro de 2017.
Na segunda-feira (12), o ministro de Energia saudita, Khalid al-Falih, disse que a Opep e aliados concordam com a necessidade de cortar o fornecimento de petróleo no próximo ano em 1 milhão de barris por dia.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi às redes sociais reclamar.
“Esperamos que a Arábia Saudita e a Opep não cortem a produção de petróleo. Os preços do petróleo devem ser muito mais baixos com base na oferta!”, escreveu.
A queda nos preços internacionais ocorre após um período de escalada que levou o petróleo a superar os US$ 80 (R$ 306) e animou investidores e governos dependentes.
A evolução dos preços do petróleo tem impacto direto na receita do Rio de Janeiro, por exemplo. Maior produtor do país, o estado contou com os altos valores para conseguir fechar as contas em meio ao regime de recuperação fiscal.
A cotação do Brent desta terça, porém, já é menor que a projeção feita pelo governo Luiz Fernando Pezão (MDB) na proposta orçamentária de 2019, que prevê déficit de R$ 8 bilhões nas contas do estado.
O texto enviado à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) estima o Brent a US$ 67 por barril, cotação considerada conservadora no fim de setembro, quando a proposta orçamentária foi apresentada.
Se mantida a projeção, o estado arrecadará R$ 14,7 bilhões com royalties e participações especiais cobradas sobre campos de grande produtividade. Neste ano, até agosto, foram R$ 8,6 bilhões.
A derrubada nos preços do petróleo afeta também a Petrobras, que viu suas ações caírem mais de 4% nesta terça.
O desempenho ruim ajudou a empurrar para baixo a Bolsa brasileira. O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, recuou 0,71%, para 84.914,11 pontos.
“O Brasil acaba sendo um país sensível a essas oscilações. Vemos um efeito de fluxo de venda [de ações] de empresas relacionadas à energia”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide.
Aliada a uma valorização do real diante do dólar desde outubro, porém, a queda do preço do petróleo ajuda a reduzir a pressão sobre os valores dos combustíveis, cuja alta no primeiro semestre motivou a paralisação de caminhoneiros, no fim de maio.
Desde o pico de R$ 2,26 atingido em meados de setembro (corrigido pela inflação), o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras já caiu 37,6%. Nesta quarta-feira (14), o combustível será vendido pela estatal a R$ 1,66 por litro.
O preço do diesel, tabelado desde o início da subvenção federal de maio, foi reduzido pela ANP (agência nacional do petróleo) em 10% no dia 30, quando foi iniciado novo período do programa.
Desde então, o preço de referência usado pela agência para calcular o subsídio se mantém abaixo do projetado no início do mês. Nesta quarta, será de apenas R$ 0,14 por litro.
Fonte: União dos Produtores de Bioenergia