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Pesquisadores usam partículas radioativas para medir erosão

O emprego de partículas radioativas na pesquisa agropecuária não é novidade. Elementos como o césio-137 são utilizados em experimentos dessa natureza desde a década de 1980. Sua capacidade de se ligar às partículas finas do solo faz dele um importante marcador, capaz de mapear o movimento superficial do solo ao longo do tempo, denunciando o processo erosivo.

Essa é uma das técnicas empregadas no subprojeto “Monitoramento do Processo Erosivo em Megaparcelas sob Plantio Direto e Área Contribuinte Adjacente”, que faz parte da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), iniciativa que tem como objetivo aproximar a academia da realidade do campo por meio de pesquisas na área de conservação de solos e água. Esse programa conta com apoio financeiro do SENAR-PR e da Fundação Araucária, ligada ao governo do Estado.

O estudo vem sendo desenvolvido em duas megaparcelas de um hectare cada, uma com, outra sem terraços, na área rural de Cambé, na região Norte. O objetivo é avaliar

o processo erosivo nas duas áreas, tanto do ponto de vista histórico (ao longo do tempo), quanto ao longo de uma única safra. A intenção é que as informações levantadas ajudem os produtores rurais a tomarem decisões acertadas sobre o processo de manejo e adequá-lo de modo a preservar a fertilidade do solo e reduzir gastos com adubação e correção.

Por se tratar de um elemento artificial que não existia no planeta Terra antes dos testes com armas nucleares na década de 1960, o césio-137 serve para analisar o acúmulo dos efeitos de todos os tipos de manejo utilizados em uma área desde aquela data. “O césio dá um histórico erosivo. Como foi depositado até a década de 1960, é possível medir o que acontece hoje naquela região, medir todo o processo erosivo que aconteceu ali desde aquela época. Podemos transformar isso no quanto aquela região perdeu de solo por ano”, afirma o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e responsável pela pesquisa, Avacir Casanova Andrello. Segundo ele, o estudo mostra que já foram perdidos 10 centímetros de solo superficial na área analisada desde os anos 1960 até hoje.

Outro elemento radioativo utilizado no experimento é o berílio-7, que também funciona como um marcador, por ligar-se às partículas finas presentes na superfície do solo.

De origem cosmogônica (isto é, produzido por processos naturais na atmosfera superior e depositado na superfície terrestre pela chuva), o elemento será usado principalmente para avaliar o processo erosivo ao longo de uma única safra e, assim, permitir a avaliação se o manejo de solo utilizado está sendo efetivo no controle da erosão.

“O berílio-7 tem meia vida de 50 dias. Então é possível medir o processo erosivo durante uma safra. Ele tem deposição constante, por meio da chuva. Por isso a falta de chuva impede usar o berílio”, explica Andrello.

A importância do subprojeto está justamente em medir a perda das camadas mais superficiais do solo, ricas em nutrientes. “Na erosão superficial você não nota que está

perdendo solo, diferente de uma vossoroca que é visível a olho nu. Neste projeto medimos o quanto tem de césio numa área que tenho certeza que nunca sofreu erosão.

Assim, usamos essa área como referência e comparamos com as outras áreas de solo. Se tem mais césio, sabemos que depositou solo na região. Do contrário, se tem menos césio, perdeu solo superficial”, exemplifica o pesquisador.

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Fonte: Sistema FAEP



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