Adubo, biofertilizantes, utilidades na indústria, recuperação de áreas degradadas, floricultura, artesanato, construção civil e geração de energia e agricultura Esses são os principais destinos elencados como oportunidade de negócio face à “montanha” de cascas de coco que se acumulam nos lixões, causando graves problemas ambientais em quase todas as cidades litorâneas e muitas do interior do país, principalmente nas do Nordeste, onde se concentram os polos produtores.
“Só em Sergipe, são produzidas mais de 234 milhões de cascas de coco por ano, segundo dados de 2018, do IBGE”, disse a pesquisadora Maria Urbana, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em palestra, dia 18 de novembro de 2019, durante a “Oficina Resíduo de Coco, de problema ambiental à oportunidade de negócio”, promovida pela Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE) em parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros e Sebrae.
E para isso, existe a Lei nº 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que contém instrumentos para enfrentar os principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos, pois prevê também a destinação ambientalmente adequada dos resíduos além dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Mas não se trata de rejeitos. Muito pelo contrário. Trata-se de resíduos que podem ser perfeitamente reciclados, reaproveitados e com grande possibilidade de tornarem-se oportunidades de negócio. A oficina mostrou tijolos com inserção de 30 a 50% de fibra da casca de coco que, além de mais leves, não racham como também de vasos de casca de coco para cultivo de plantas e mudas de frutíferas.
Maria Urbana salienta que, na indústria, a casca de coco tem potencial como matéria prima na lâmina de colchão, cadeiras para escritório, mantas para filtro, isolamento acústico, palmilhas, vasos e artesanatos.
Na agricultura
Como a pesquisadora trabalha na área agrícola, seu trabalho gira em torno das possibilidades da utilização da casca de coco na agricultura sustentável. Portanto, sua linha de trabalho é o aproveitamento da casca como adubo orgânico, organomineiral, biofertilizantes, substratos e cobertura morta (mulching) e compostagem laminar em coqueiro ou outras plantas frutíferas que, além de fonte de nutrientes, reduz a evaporação da água do solo, temperatura do solo, ervas daninhas e os custos com capina e, em muitos casos, evita o contato direto dos frutos e folhas com o solo.
Para os produtores interessados, a pesquisadora recomenda o folder lançado pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, acessível gratuitamente, intitulado “Compostagem laminar: uma prática amigável à biodiversidade” que aborda as vantagens e os passos para a técnica em coqueiros adultos. Em reportagem, realizada pela TV Aperipê, Maria Urbana também demonstra o passo-a-passo dessa prática.
Ela recomenda também a leitura da Circular Técnica 46 da Embrapa Tabuleiros Costeiros “Tecnologia para Biodegradação da Casca de Coco Seco e de Outros Resíduos do Coqueiro” com passo a passo gratuito que permite reduzir o tempo de biodegradação das cascas de coco de 8 a 10 anos (quando descartadas no meio ambiente) para 150 a 180 dias que significa, também, a transformação do lixo em um produto com potencial para melhorar as condições físicas, biológicas e químicas do solo e, consequentemente, a produtividade e a sustentabilidade do coqueiral.
No entanto, pesquisadores consideram 150 dias muito longo para a biodegradação da casca de coco e o foco da pesquisa se estende para o desenvolvimento de um acelerador biológico com o objetivo de diminuir esse tempo.
“É um desafio, pois o acelerador terá microrganismos capazes de degradar a fibra do coco. No entanto, é preciso que seja acessível a quem se interessa”, disse Maria Urbana.
E para isso e outras temas de pesquisa sobre o coco, a Embrapa trabalha no projeto “Desenvolvimento de Tecnologias para o Aproveitamento da Casca do Coco Seco e Verde na Geração de Insumos para a Agricultura Sustentável”.
No projeto, a pesquisa com a biomanta, feita do resíduo da casca de coco, ganha importância como destino para o reuso, pois vem sendo usada na contenção de encostas ou de áreas degradadas. Pesquisas realizadas pela Embrapa apontam grande potencial, pois além de reduzir o descarte inadequado da casca, protege o meio ambiente além de propiciar rendimento ao produtor de coco e indústrias. A biomanta, utilizada também de decoração e isolação acústica, já tem comprovada eficiência na produção de hortaliça orgânica e convencional.
Outra linha de pesquisa do projeto é o estudo e testes para identificar o efeito do LCCV (Líquido da Casca do Coco Verde) obtido na trituração, que representa 80% do peso da casca. Sendo o LCCV nocivo ao meio ambiente, a pesquisa pretende indicar utilidades.
Fonte: Embrapa