Quando o Brasil só contava com os censos agrícolas do IBGE (o último foi em 2006 e o próximo deverá ser finalizado no primeiro trimestre deste ano), as informações disponíveis sobre as propriedades limitavam-se a declarações de produtores transcritas em questionários, sem base cartográfica precisa. De acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), essa coleta de dados, a cada dez anos, rapidamente fica desatualizada, em função da dinâmica espacial, temporal e tecnológica da agropecuária brasileira.
Com o Código Florestal de 2012 e a instituição do Cadastro Ambiental Rural (CAR), iniciou-se a formação de um grande banco de dados, bem mais complexo do que os dados do Censo Agrícola, contendo informações sobre o perímetro do imóvel, o mapeamento de áreas ocupadas e consolidadas, de áreas de preservação permanente (APP), de áreas de reserva legal (RL), servidões, construções, áreas de interesse social, de utilidade pública etc. São 18 categorias de uso e ocupação das terras geocodificadas em cada imóvel rural.
O produtor preserva a vegetação nativa
O dado relevante é que cerca de 48% da área das propriedades rurais é destinada à preservação da vegetação nativa no Brasil, isso significa uma extensão enorme corresponde a cerca de 20,5% do território nacional. Ou seja, os agricultores preservam mais vegetação nativa no interior de suas propriedades rurais do que todas as unidades de conservação juntas (13% do Brasil), segundo a Embrapa.
Banco de dados
Até 31 de dezembro de 2017, 4,7 milhões de imóveis tinham sido cadastrados, perfazendo 431, 62 milhões de hectares. Esses são valores que constam do Sicar e com os quais trabalha o Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (Gite) da Embrapa Monitoramento por Satélite.
O Gite integrou ao seu sistema os dados geocodificados completos do CAR no Sicar. Com base nesse enorme banco de dados (big data), é possível qualificar e quantificar as áreas destinadas à preservação da vegetação nativa nos imóveis rurais a partir de mapas delimitados sobre imagens de satélite com 5 metros de resolução espacial.
Valoração e pagamento por serviços ambientais
Um dos desafios do Gite é chegar à valoração econômica das áreas que os imóveis rurais preservam, atendendo aos requisitos do Código Florestal. . A equipe do Gite, em colaboração com outras unidades da Embrapa e instituições acadêmicas, iniciou um processo de discussão sobre a valoração econômica dessas áreas destinadas à preservação da vegetação e também sobre o custo de sua manutenção.
Esses custos, hoje, recaem sobre os produtores rurais, sem qualquer compensação financeira. O tema do pagamento por serviços ambientais, segundo a Embrapa, também poderá ser ampliado com base nos resultados da pesquisa desenvolvida pelo Gite sobre atribuição, ocupação e uso das terras no Brasil.
Soja e sustentabilidade
De acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a soja é o principal produto agrícola brasileiro. As exportações dessa oleaginosa, sozinhas, superam em valor as de petróleo e derivados e minério de ferro. “As ações de sustentabilidade da cadeia da soja brasileira são um exemplo para o mundo. O Código Florestal Brasileiro é amplo e rigoroso. O Brasil é um grande prestador de serviços ambientais”, afirmou a Abiove em comunicado.
Para a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os pagamentos por esses serviços são ferramentas adequadas para apoiar quem faz uso da terra de forma sustentável e, ao mesmo tempo, se preocupa em preservar os recursos naturais para manter a viabilidade do seu negócio e assegurar a conservação para as gerações futuras, divulgou a Abiove.
Fonte: Canal do Produtor