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PERDAS SEVERAS

Os cafés arábica terão que ser cultivados em altitudes mais elevadas em quase todas as regiões mundiais produtoras para sobreviver aos efeitos projetados da mudança climática até 2025, de acordo com o primeiro estudo global desse tipo, que foi divulgado pelo Centro Internacional para Agricultura Tropical (CIAT).

Pesquisadores sugerem que perdas severas na produção global de arábica são iminentes se o cultivo de café não mudar para altitudes mais elevadas em muitos países. Essa mudança, em virtude da disponibilidade limitada de terra, prejudica muitas das principais regiões produtoras do mundo, particularmente em partes da Mesoamérica e Ásia. Ao contrário, aumentos na temperatura e chuvas poderiam adicionar algumas terras adequadas para o cultivo de café em áreas específicas, particularmente algumas próximas ao equador na América do Sul.

- Os principais produtores – Brasil, Vietnã, Indonésia e Colômbia – que juntos produzem 65% da participação do mercado global – deverão apresentar perdas severas se medidas de adaptação não forem tomadas – disse o CIAT em resposta aos resultados publicados.

O estudo sugere que o Brasil, de longe o maior produtor mundial, poderia enfrentar perdas de até 25% se medidas de adaptação não forem tomadas.

- A produção altamente mecanizada e comercial de café do Brasil não é adequada para ser cultivada junto com árvores, o que poderia fornecer sombra e trazer redução na temperatura. Isso poderia significar uma mudança da produção para o leste , da América Central ao leste da África e Ásia-Pacífico, se não forem colocadas em prática estratégias para adaptação – disse o co-autor do estudo, Peter Läderach.

A pesquisa foi financiada pelo programa CGIAR do CIAT sobre Mudança Climática, Agricultura e Segurança Alimentar, apesar de o CIAT dizer que o programa não fez parte do projeto ou análise desse estudo. O estudo segue vários estudos regionais que fizeram projeções similares para o futuro do café arábica.

Pesquisadores basearam as projeções de mudança climática para 2050 usando 21 modelos de circulação global e 62.000 pontos específicos de localização, sugerindo que, em muitos locais, um aumento de 2oC na temperatura e aumentos nos eventos climáticos, como chuvas, podem ser esperados. De forma geral, o estudo prevê globalmente reduções na adequação climática em menores altitudes e maiores latitudes.

Todos os países produtores de café da América, África, Ásia e Oceania manteriam alguma adequação para cultivo de café arábica. Colômbia, Etiópia, Indonésia, México e Guatemala têm áreas extensas de terra de alta altitude que recebem chuvas suficientes. Um movimento ascendente de suas áreas de cultivo de café poderiam moderar o impacto geral na mudança climática em suas indústrias de café. Uma ressalva importante é que as áreas de maiores altitudes estejam disponíveis para conversão para fazendas de café, sejam acessíveis, tenham condições adequadas do solo e que seus atuais ou futuros habitantes estejam dispostos a cultivar café arábica ao invés de outras colheitas. Muito frequentemente, essas condições podem não vir todas juntas, com a consequência de que a produção de café arábica pode declinar localmente.

As regiões onde o café arábica seria menos afetado pelas maiores temperaturas são o Leste da África, com exceção de Uganda e Papua Nova Guiné no Pacífico. A Mesoamérica seria a região mais afetada, especificamente a Nicarágua e El Salvador. Como o café arábica é uma exportação importante da Mesoamérica, a expectativa é que ocorra severos impactos econômicos nessa região. Conforme sugerido anteriormente por Zullo, efeitos fortemente negativos da mudança climática são esperados no Brasil, maior produtor mundial de arábica, bem como na Índia e na Indochina. Regiões que deverão sofrer impactos intermediários incluem Andes, partes do sul da África e Madagascar, e Indonésia, com diferenças significativas entre as ilhas.

Fonte: Café Point



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