Os resultados preliminares de um estudo da Rede Paranaense de
AgroPesquisa e Formação Aplicada (Rede AgroParaná) realizado na mesorregião
Oeste do Paraná referendam a importância do terraceamento para a conservação do
solo. A pesquisa indica que, em caso de chuvas com índices superiores a 30
milímetros, houve redução de 43% nas perdas de água e de 73% de solo na área
que utiliza terraços, em comparação à parcela conduzida sem essa técnica. Os
dados médios foram obtidos a partir três de eventos de chuva ocorridos entre
2019 e 2021.
O projeto monitora uma área situada na zona rural de Toledo, pertencente
à bacia do Rio São Francisco Verdadeiro, um dos afluentes diretos da bacia do
Paraná 3. Ali, foram instaladas duas megaparcelas – com área de 0,8 hectare,
cada uma –, uma conduzida com terraços e outra, sem. As duas são equipadas com
instrumentos, como calhas H, linígrados e amostradores automáticos de
sedimento. No rio, foram instalados outros equipamentos, como calha Parshall,
radar e turbirímetro. Todos esses dispositivos permitem quantificar o volume e
a intensidade das precipitações, a infiltração do solo, a vazão, a concentração
de sedimentos e a perda de nutrientes.
Ambas as megaparcelas são manejadas em plantio direto e semeadura de
nível. Nas áreas, são cultivados soja (no verão) e milho segunda safra e/ou
trigo (no inverno), com todos os tratos culturais sendo realizados pelo
produtor rural responsável pela área. Ou seja, o campo de estudos reproduz
fielmente as circunstâncias que um agricultor da mesorregião encontra na
prática.
“Embora incipientes, os resultados nos indicam a eficiência do terraço,
no que diz respeito ao aumento do conteúdo de água no solo e na conservação dos
nutrientes. É um resultado que converge com outras pesquisas já publicadas, que
também nos apontam para isso”, explica a pesquisadora Graziela Barbosa,
coordenadora do projeto. “Assim, a adoção de práticas de manejo associadas como
plantio direto e terraceamento podem trazer benefícios à conservação do solo e
à manutenção de água na lavoura”, acrescenta.
A Rede AgroParaná é uma parceria entre o SENAR-PR, Fundação Araucária e
Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti-PR), com
convênio com a Itaipu Binacional.
Dificuldades
Em outubro de 2017, o estudo sofreu um revés. Um “evento pluviométrico
extremo” causou um enorme escoamento superficial, rompendo os terraços e
provocando deslizamentos, desmoronamentos e o soterramento do canal do rio. Na
ocasião, os equipamentos foram destruídos ou acabaram cobertos pela massa de
solo que se deslocou. Em razão disso, as megaparcelas tiveram que ser
reconstruídas, com aquisição de novos instrumentos para substituir os que foram
inutilizados.
“Esse fato reforça as recomendações da pesquisa em aplicar as práticas de
manejo de solo, manejo de planta e manejo da água nas bacias hidrográficas e estradas,
conforme a recomendação técnica para o controle da enxurrada e processos
associados”, observa Graziela.
Outro fator que fez com que a pesquisa não tenha obtido resultados mais
robustos é a escassez hídrica registrada nos últimos dois anos. Sem chuvas
significativas, que gerem escoamento superficial da água, não há como os
pesquisadores fazerem as análises. Em razão disso, o projeto foi prorrogado por
mais três anos. “A gente precisa de um banco de dados consistente para gerar
modelos matemáticos regionais, para dar ao produtor uma base de como ele deve
trabalhar os terraços para ter melhores resultados. Esperamos que nos próximos
três anos haja eventos que nos permitam ter esses dados”, diz Graziela.
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Fonte: Sistema FAEP