Quando se fala em produção de uva, Janeiro é um dos meses mais corridos para os viticultores e técnicos, pois é o período em que começa a colheita da tão apreciada fruta. Mesmo assim, no dia 26 de Janeiro mais de 100 pessoas entre agricultores e técnicos se reuniram no município de Videira, região do Meio-Oeste Catarinense, para participar do Dia de Campo “Viticultura de Qualidade”, promovido em parceria entre a Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS), Embrapa Produtos e Mercado – Escritório de Canoinhas e Epagri – Estação Experimental de Videira.
Com o foco em uma viticultura sustentável, que começa com a aquisição de mudas de qualidade genética e fitossanitária superiores, os pesquisadores da Epagri e analistas da Embrapa reuniram esforços para apresentar os resultados e avanços nas pesquisas que vêm sendo realizadas, cujo objetivo final é entregar aos agricultores recomendações e alternativas para que a atividade melhore em qualidade.
O evento foi realizado na propriedade da Família Viecelli, parceira da Embrapa desde 2014, quando o viveiro de mudas de videira foi licenciado para a comercialização de materiais desenvolvidos pela empresa. Atualmente Renato Viecelli, agricultor e produtor de mudas, faz parte do grupo de 10 viveiristas autorizados e acompanhados por uma equipe da Embrapa para a produção e venda de mudas de videira de qualidade diferenciada.
Durante o dia de campo, organizados em três grupos, os participantes visitaram 3 áreas: o engenheiro agrônomo da Embrapa Produtos e Mercado, Nelson Feldberg e o viveirista Renato Viecelli apresentaram a experiência de licenciamento do viveiro e as novas cultivares da Embrapa recomendadas para a região: ‘BRS Violeta, ‘BRS Carmem’ e ‘BRS Magna’ (para processamento) e ‘BRS Núbia’ (com sementes), ‘BRS Isis’ e ‘BRS Vitória’ (sem sementes), essas três últimas para consumo in natura (uvas de mesa).
O agrônomo Daniel Grohs explicou aos presentes a importância da utilização de mudas de qualidade, como identificá-las e quais os riscos da implantação de vinhedos com plantas de origem desconhecida, o que pode levar a uma produção menor e desuniforme e, inclusive, comprometer toda a produção do parreiral com a morte de plantas. A dupla de pesquisadores e agrônomos da Estação Experimental da Epagri de Videira, Marco Antônio Dalbó e André Luiz Külkamp de Souza apresentaram resultados dos experimentos com diferentes porta-enxertos testados na propriedade de Viecelli, bem como uma ampla coleção de uvas de mesa que têm se comportado bem na região e que são boas opções para os agricultores que querem investir na produção de uvas de mesa.
A região de Videira, em Santa Catarina, juntamente com os municípios de Tangará, Pinheiro Preto, Iomerê e Arroio 30, é bastante representativa para a viticultura catarinense, principalmente para processamento, mas também de mesa. A realização de eventos como esse, segundo Daniel Grohs da Embrapa Uva e Vinho, reforça a importância de levar a viticultores familiares conhecimentos que podem ajudá-los a melhorar a qualidade de sua produção. O sucesso do evento, segundo Neslon Feldberg da Embrapa Produtos e Mercado de Canoinhas, só reforça a ideia de que a parceria entre pesquisa e extensão é essencial para atingirmos objetivos comuns, como o fortalecimento da viticultura sustentável em diversas regiões do país.
Os agricultores participantes do evento, dentre eles alguns que produzem suas próprias mudas, ficaram surpresos com os resultados de pesquisa na região: novas cultivares, interação entre porta-enxertos e diferentes variedades de uva e os aspectos ligados ao declínio e morte de videiras foram alguns dos pontos destacados.
Evidentemente, seria impossível realizar um dia de campo sobre uva sem oferecer aos participantes a oportunidade de degustar diferentes uvas; por isso, ao final do evento, foi preparada uma degustação de uvas da cultivar ‘BRS Vitória’ e sucos de ‘BRS Magna’, e ‘BRS Carmem’.
Para a equipe da Embrapa envolvida na organização, eventos como esse demonstram a importância do desenvolvimento de parcerias entre instituições federais e estaduais, na busca da profissionalização do agricultor e seu contato com novas tecnologias.
Fonte: Embrapa