Países importadores de carne bovina na América do Norte, Europa e Ásia intensificaram os padrões de inspeção para o produto brasileiro visando proteger seus consumidores, após a Polícia Federal brasileira lançar a operação Carne Fraca para investigar um esquema de corrupção envolvendo fiscais sanitários. A Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA) ressalta que os padrões mais rígidos de inspeção adotados pelo país em abril resultaram em verificações em quase todos os embarques de origem brasileira.
Os novos protocolos, que começaram em 10 de abril, envolvem a inspeção completa –incluindo testes para agentes patogênicos e resíduos químicos– de todas as importações de carne em cinco carregamentos consecutivos de cada unidade aprovada e para cada categoria de produto, segundo a porta-voz da CFIA, Maria Kubacki. Anteriormente, a CFIA realizava uma inspeção aleatória completa a cada dez remessas consecutivas de cada unidade brasileira. As outras nove cargas eram analisadas visualmente.
As verificações mais rígidas ressaltam preocupações sobre a segurança de carne brasileira, mesmo entre países que ainda aceitam seus produtos. Na última semana, os Estados Unidos suspenderam as importações de carne bovina in natura do Brasil após uma alta porcentagem de embarques não terem passado pelos testes de segurança.
A polícia brasileira fez incursões em unidades de empresas como a JBS e BRF em março, assim como em vários outros frigoríficos menores, por suspeita de pagamento de propina a inspetores sanitários. Desde então, o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda) reinspecionou as importações de carne bovina em natura e produtos prontos para consumo e testou-os para patógenos. Todas as peças de carne agora são testadas para salmonela e E.coli. Os testes revelaram problemas na carne in natura, como abscessos, coágulos de sangue, ossos e tecido linfático, segundo o Serviço de Segurança Alimentar e Inspeção do USDA.
As reinspeções nos portos dos EUA são dirigidas por uma base de dados de computadores centralizada que armazena resultados de inspeções passadas de cada estabelecimento estrangeiro. Plantas estrangeiras com melhor desempenho estão sujeitas a reinspeções menos frequentes, segundo o Usda.
Para atender às exigências mais rígidas de inspeção de importadores, o Brasil elevou seus próprios padrões para a carne exportada pelo país. Plantas processadoras de carne do Brasil estão agora bloqueadas de exportar a carcaça da vaca como uma parte inteira, e devem fatiá-la, um passo que torna mais fácil a detecção de defeitos, mas aumenta custos para processadores, diz Luis Rangel, secretário de Defesa Agropecuária, em entrevista nesta terça-feira. “Tivemos que aumentar os padrões por causa dos Estados Unidos, e você não eleva os padrões para apenas um mercado de exportação, você eleva para todos”, afirma Rangel. “Os custos de processamento irão subir, mas isso é necessário para preservar os mercados”. Aplicar os padrões mais rígidos é complicado, no entanto, devido a uma escassez de fiscais no Brasil.
Na Europa, autoridades agora conduzem testes físicos de todas importações de produtos de origem animal do Brasil e realizam testes laboratoriais em 20%, ao custo do importador, segundo um documento publicado pelo Conselho da União Europeia em 9 de junho. A UE exige que o Brasil realize verificações microbiológicas em aves e outras carnes antes que sejam embarcadas.
Desde março, Hong Kong aumentou a supervisão sobre a carne e o frango do Brasil, incluindo amostragem para deterioração da carne e outras preocupações de segurança alimentar, diz um porta-voz do Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong. Até 23 de junho, um total de 369 amostras foram testadas e todas foram satisfatórias.
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Fonte: Sistema FAEP