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“PAÍS VOLTA A CRESCER, MAS VAI DEMORAR”

Florianópolis / Santa Catarina (13/06/2016) – A agricultura e o agronegócio constituem um dos poucos segmentos relativamente imunes à crise econômica brasileira, mas, nem tudo são flores: o superencarecimento do milho, o excesso de tributação, a falta de infraestrutura e a burocracia castigam o setor. Nessa entrevista, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, faz um balanço da atualidade econômica.

Quando o País retoma o crescimento?

Passado o processo do impeachment, acredito que até o final do próximo ano poderemos, muito lentamente, retomar o crescimento, mas, os ajustes que a economia requer e o Estado brasileiro necessita serão dolorosos. Vencida essa fase, creio em um longo e sustentado período de crescimento.

O setor primário é um dos poucos setores da economia que continuam apresentando resultados positivos, apesar da crise. A que se deve isso?

Deve-se às características do Estado, cujo maior diferencial é a qualidade dos catarinenses, o talento humano, essa gente de forte formação moral e vocação para o trabalho que formam nossa maior riqueza. Outro fator essencial é a estrutura fundiária calcada nas pequenas propriedades. Em território catarinense praticamente não existe latifúndio. Isso facilitou a ocupação territorial e a diversificação das atividades econômicas. Em lugar de grandes monoculturas, temos muitas atividades conjugadas ou não, como o cultivo de milho, soja e feijão, frutas e hortaliças, criação de gado leiteiro, produção de lácteos e derivados, avicultura e suinocultura, gado de corte e silvicultura.

Como e quando será equacionado o drama da escassez de milho que ameaça a agroindústria da carne e as grandes cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura?

Santa Catarina nunca será autossuficiente em milho para atender sua enorme demanda interna e alimentar os gigantescos planteis de aves e suínos que abastecem a agroindústria. A solução definitiva é a construção da ferrovia norte-sul, ligando Chapecó ao centro-oeste brasileiro, onde há milho em abundância.

Ainda existe a ameaça da migração de agroindústrias catarinenses para outras regiões do País em função de custos de produção?

A transferência das agroindústrias para o Brasil central é uma ameaça hoje, mas, será uma contingência irreversível amanhã. Justamente para evitar essa fuga das agroindústrias catarinenses é que necessitamos da ferrovia norte-sul, ligando a região produtora de grãos com a região que transforma grãos em proteína animal.De que forma a agricultura pode amenizar as intempéries climáticas – como o El Niño – que afetam as safras catarinenses?
O único caminho é ampliar a qualidade das previsões, que é essencial para o produtor rural planejar a produção.

Quais suas expectativas em relação às exportações neste ano em razão da situação cambial e de outros fatores mercadológicos?
Na privilegiada condição de área livre de aftosa sem vacinação, Santa Catarina está habilitada a exportar para vários NOVOS mercados.  Mas, os negócios de fato, não estão ocorrendo. Veja o caso do Japão e Estados Unidos, dois grandes mercados para os quais estamos habilitados a exportar há mais de dois anos, os negócios foram ínfimos. Em relação à taxa cambial, é preciso cautela, pois, de um lado, torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado mundial. Por outro lado, contudo, impacta no aumento dos custos de produção porque muitos itens são cotados em dólar – como máquinas, equipamentos, insumos, embalagens etc.

Quais são as principais oportunidades e ameaças nesse momento no agronegócio catarinense?

Acredito que entre as oportunidades para o agronegócio catarinense em 2016 estão a produção de flores, produção de frutas e produção de oliveiras. Precisamos vender melhor a marca Santa Catarina, como o Estado com melhor status sanitário do País e produtos de alta qualidade. Temos unidades de produção reconhecidas pelas mais exigentes certificadoras do mundo. No entanto, é preciso entender que mais importante que novos negócios é a otimização, o aumento da eficiência dos negócios que já temos, como a produção e industrialização de frango, suínos, grãos, leite etc. As ameaças ao setor, atualmente, são representadas pela carência de infraestrutura de rodovias, portos, armazéns etc, burocracia enlouquecedora e a escassez de milho. Precisamos reforçar a vigilância sanitária e as intuições oficiais que cuidam do tema.

Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina
www.faesc.com.br

Fonte: Canal do Produtor



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