Produtores rurais de Mato Grosso que foram atingidos pelas queimadas vão precisar gastar mais dinheiro para preparar o solo para o plantio da próxima safra. Além do custo, a produtividade deve ficar comprometida nas lavouras.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, de janeiro até o começo de setembro, foram registrados mais de 18 mil focos de incêndio em Mato Grosso.
Em uma área de 310 hectares em Sorriso o fogo destruiu a palhada que seria usada no plantio direto. Nessa técnica de cultivo, o solo fica coberto com os restos das plantas da safra anterior, que formam uma camada protetora. Assim não é necessário arar a terra antes de semear.
O pesquisador da Embrapa Silvio Túlio Spera explica que, sem a palhada, o solo fica vulnerável. Ele diz que a única receita agora é investir em nutrientes para o solo.
O agrônomo responsável pela fazenda Hoodger Faleiro afirma que, na safra passada, conseguiu um pico de produtividade de 71 sacas por hectare, mas o resultado não deve se repetir nesta safra após o incêndio.
Além de plantar milheto, uma planta de crescimento rápido para substituir a palhada, o solo receberá 6 toneladas a mais de adubo em toda a área queimada e 20 horas extras de trator. Um custo extra de aproximadamente R$ 100 mil.
Em outra propriedade do município, 180 hectares foram destruídos pelo fogo. O desafio do produtor agora é corrigir o solo antes do plantio da próxima safra, que deve começar na segunda quinzena deste mês. O trabalho de aplicação do calcário no solo é realizado durante à noite.
Em Sinop, o produtor rural Leonildo Bares tinha acabado de corrigir o solo da fazenda quando o incêndio queimou 40 hectares e agora ele vai precisar fazer um grande investimento para conseguir plantar a tempo.
A produção de soja de Mato Grosso é a maior do país, e a expectativa para a próxima safra é produzir 32 milhões de toneladas. Até o momento não estudo que mostre o quanto as queimadas vão impactar no resultado da safra.
Fonte: G1