A grande diversidade de ingredientes existentes do Brasil é reconhecida nacional e internacionalmente. Desde 2002, alguns produtos estão dando um passo além e conquistando o registro de Indicações Geográficas (IG), que atestam não somente a sua qualidade como dão ao consumidor a certeza de estar comprando um item original de uma determinada localidade. Estão na lista 43 produtos e serviços brasileiros, sendo 27 deles alimentares.
Essa é uma das estratégias indispensáveis para que pequenos produtores tenham visibilidade e competitividade, especialmente em tempos difíceis para a economia. A diferenciação é uma maneira de se fortalecer no mercado e também se sobressair no Movimento Compre do Pequeno Negócio, iniciativa liderada pelo Sebrae para incentivar o consumo de produtos e serviços oferecidos por empresas de menor porte, para garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento da economia local. Para o consumidor, comprar alimentos e objetos com certificado de origem pode ser a chance de conhecer produtos de excelência e genuínos, e de contribuir para a sustentabilidade desses negócios rurais. O Movimento será lançado nacionalmente no dia 5 de outubro de 2015.
Luciano Carvalho Machado, um dos personagens principais do documentário O Mineiro e o Queijo, de Helvécio Ratton, se dedica à elaboração do produto há 30 anos. Ele acredita que a IG conquistada em 2012 levou confiabilidade ao consumidor.
- Agora, os compradores têm a certeza de que o produto é original da Serra da Canastra – afirma Luciano.
Esse pequeno produtor da cidade deMedeiros (MG) afirma que até o final do ano as peças redondas chegarão ao mercado com um selo especial trazido da Europa e o código para que o consumidor conheça a história de quem elaborou o produto.
Por conta do sucesso nas exportações, o fruticultor Arthur de Souza comemora a IG das uvas de mesa e mangas do Vale do Submédio São Francisco, cultivadas por milhares de pequenos produtores. No ano passado 42 mil toneladas foram vendidas para fora do país com a ajuda do selo de indicação geográfica.
- Aqui no Brasil, o consumidor está começando a dar valor ao produto com selo. Já na Europa e nos Estados Unidos as pessoas dão preferência aos produtos certificados – afirma.
De acordo com ele, no mercado interno, a caixa de uva comum sai a R$ 50 e a de manga, a R$ 30. Já as que possuem origem comprovada saem a R$ 70 e R$ 80, respectivamente.
No caso dos vinhos do Vale dos Vinhedos, a indicação geográfica melhorou o nível de associativismo e a qualidade dos produtos. É o que conta o diretor-técnico da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), André Laurentis.
- São 25 produtores beneficiados, dentre eles 20 pequenas vinícolas. Depois da indicação de procedência as vendas melhoraram, especialmente para o mercado interno, e o turismo na região também foi fomentado – diz ele.
A maior frequência de turistas na região ampliou o mercado não somente do vinhos, mas também de hotéis, pousadas, restaurantes, ateliês de artesãos, queijarias, lojas de antiguidades, dentre outros. O Vale dos Vinhedos conquistou a Indicação de Procedência, uma das modalidades de IG, em 2002. Dez anos depois, foi reconhecida como a Denominação de Origem.
Os produtores estiveram em Brasília para participar do Congresso Nacional da Abrasel e do Mesa ao Vivo, promovido pela revistaPrazeres da Mesa. Durante a programação, puderam falar sobre seus produtos e as vantagens das Indicações Geográficas. Chefs de cozinha aproveitaram os ingredientes para criar pratos especiais. A cachaça de Salinas foi usada por Mara Alcamin (Universal Diner) para flambar nacos de fígado. Já o vinho entrou na composição do molho para carne de Dudu Camargo (Dudu Bar). O queijo fez par com a carne de porco para rechear o sanduíche de Alexandre Albanese (Nossa Cozinha Bistrô).
Fonte: Agência Sebrae de Notícias