Em Mato Grosso do Sul, criadores que dependem de ração para engordar animais buscam formas de enfrentar o aumento dos custos e apesar da grande oferta, o milho é o produto que mais está pesando no orçamento.
O preço médio da saca de 60 kg está em R$ 24 – 20% de aumento se comparado a novembro de 2014. A escalada de preços começou na época da colheita, o que não é comum, em função da grande disponibilidade de milho. De acordo com o corretor de grãos, Eduardo Flores, alguns fatores teriam influenciado o mercado.
– O principal deles foi a elevação do câmbio, o segundo foi a demanda do mercado interno bem aquecida e o volume de exportação. O volume de exportação, com relação ao ano passado, ficou em torno de cinco milhões de toneladas a mais – afirmou.
O pecuarista Ari Damião engorda bovinos no sistema de semi-confinamento, em Jaraguarí, região central do estado. Usa 14 toneladas por mês para fazer ração; o que já aumentou os custos em 30% em um ano. Neste mesmo período, a arroba do boi gordo subiu menos de 4%.
- O produtor nunca teve que fazer tanta conta como agora. Hoje tem que tecnificar, tem que investir em genética e comida, senão você não tem retorno – fala Ari Damião.
Para tentar aumentar um pouco as margens de lucro o produtor resolveu mudar de estratégia e passou a apostar na engorda de vacas. É que as fêmeas ganham peso mais rápido, são abatidas mais novas e com isso é possível reduzir um pouco os gastos com a alimentação.
- A gente tem que procurar hoje partir para o cruzamento industrial, que é um gado que ganha mais peso e você consegue vender mais ligeiro e com peso maior – explica Damião.
Produzir ovos também está mais caro. Uma cooperativa, em Terenos, fabrica 180 toneladas de ração por dia. O milho representa 70% dos compostos. No ano passado, o custo por quilo era de R$ 68. Hoje, a mistura sai por R$ 81. O jeito foi repassar o reajuste para os produtores associados, como o produtor rural Lourenço Ando, que produz 43 mil ovos por dia.
- Para evitar prejuízos e diminuir nossos gastos, a gente tem que pensar em não perder ração, melhorar também o manejo, para evitar mortalidade das galinhas. Não tem como [diminuir a ração], se a gente diminuir a ração a gente afeta na qualidade do ovo e também do animal aí dá prejuízo – afirmou.
O Mato Grosso do Sul colheu este ano quase 9,7 milhões de toneladas de milho.
Fonte: Globo Rural