O Conselho Nacional do Café (CNC) integrou a delegação brasileira, que participou da 125ª Sessão do Conselho Internacional da Organização Internacional do Café (OIC), realizada na última semana, em Londres (Inglaterra).
Realizado como parte do diálogo setorial liderado pela OIC, integrando as ações da implementação da Resolução 465, que trata da crise de preços e do consumo, o evento reuniu executivos da indústria internacional do café, líderes políticos, parceiros de desenvolvimento e a sociedade civil.
Segundo o presidente do CNC, Silas Brasileiro, os objetivos foram revisar os resultados do diálogo setorial e convergir para compromissos mensuráveis visando ao futuro sustentável dos cafeicultores e de toda a cadeia, tendo como parâmetro os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Brasileiro foi palestrante no Fórum dentro do painel “Promover o crescimento responsável e equitativo”. Ele valorizou o trabalho prestado pelas cooperativas para melhorar a renda dos produtores e fomentar a transparência no mercado. Expôs, ainda, as dificuldades enfrentadas pelos cafeicultores brasileiros devido aos baixos preços, ressaltando que 85% dos produtores são pequenos, com menos de 10 hectares, cuja renda atual não cobre os custos de produção.
O presidente do CNC também explicou que o aumento de produtividade e qualidade do café brasileiro é resultado do esforço do país para investir em pesquisa e tecnologia e explanou a respeito da importância do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a gestão dos estoques privados, que é feita pelos produtores e cooperativas com apoio dos financiamentos do fundo.
Durante o Fórum, o CNC também manifestou sua preocupação com o tom das declarações dos CEOs da indústria internacional, que sinalizaram intenções de pagar preços superiores aos países produtores menos eficientes em detrimento a Brasil e Vietnã, para assegurar diversidade de origens.
“Essa medida seria o equivalente a premiar a ineficiência”, criticou Brasileiro, que se posicionou contra a inclusão de qualquer menção a essas ideias na “Declaração de Londres”, defendendo que o caminho a ser perseguido é o do aumento do consumo global.
Entre as decisões da última sexta-feira (27), o Conselho Internacional do Café acolheu favoravelmente os esforços e compromissos do setor privado, expressos na “Declaração de Londres”, para enfrentar o impacto da crise dos preços do café. Houve recomendação para que os países membros da OIC discutam o documento internamente, com suas partes interessadas, em concordância com suas necessidades específicas e prioridades do setor cafeeiro.
O Conselho Internacional também concordou em estender o diálogo com o setor privado a fim de alcançar resultados de longo prazo e soluções transformacionais. Para tanto, solicitou à OIC que estabeleça uma força-tarefa composta por países membros, representando todas as regiões cafeeiras, representantes do setor privado e organizações de apoio para definir e implementar um roteiro de ações concretas para enfrentar os impactos dos atuais níveis de preços e a volatilidade do mercado.
Para Silas Brasileiro, o trabalho da força-tarefa será fundamental para traduzir a “Declaração de Londres” em um produto mais tangível, que realmente ofereça soluções práticas às regiões cafeeiras mundiais, priorizando a eficiência produtiva e o aumento do consumo. “Além disso, vemos como muito positiva essa maior integração do setor privado, agora incluindo a indústria torrefadora internacional, aos trabalhos da OIC, pois trará mais pragmatismo à Organização”, conclui.
Os resultados dessa força-tarefa serão apresentados no 2º Fórum de CEOs e Líderes Globais, que será realizado durante a 5ª Conferência Mundial do Café, de 10 a 12 de setembro de 2020, em Bangalore, Índia.
Fonte: DATAGRO