A safra de laranja 2019/20 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro deverá ser de 385,31 milhões de caixas, de acordo com a segunda reestimativa da produção, divulgada nesta terça-feira (10) pelo Fundecitrus. O valor é 0,80% menor do que a primeira reestimativa, publicada em setembro de 2019, e 0,92% menor do que a projeção inicial, de maio 2019. Da safra total, cerca de 26,88 milhões de caixas deverão ser produzidas no Triângulo Mineiro.
“A pequena redução deve-se à confirmação do tamanho pequeno dos frutos, que já havia sido projetado em maio, ao aumento da taxa de queda de frutos e também ao impacto das chuvas abaixo da média histórica”, explica o coordenador da Pesquisa da Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus, Vinícius Trombin. “O número ainda pode ser alterado até o encerramento da safra, dependendo do peso das laranjas que ainda serão colhidas [cerca de 26% da produção], o que será definido pelo volume de chuvas até o fim da colheita”, completa.
Comportamento das chuvas
As chuvas volumosas em novembro em praticamente todo o cinturão citrícola amenizaram a estiagem, mas o acumulado desde maio ficou 17% abaixo da média histórica (1981-2010): 409 milímetros na média entre as regiões, enquanto o histórico é de 495 milímetros, de acordo com dados da Somar Meteorologia. O período mais seco foi no início da safra, de maio a agosto, quando o desvio negativo chegou a 32% em relação à normal climatológica. Na primeira semana de setembro, as chuvas retornaram, mas em seguida houve uma janela de tempo firme com duração de duas semanas na maior parte do parque citrícola, o que caracterizou a ocorrência de um veranico. Somente em meados de outubro é que a estação chuvosa começou a se consolidar, embora o acumulado mensal ainda tenha ficado abaixo da média. Em novembro, as chuvas foram expressivas e bem distribuídas ao longo do mês, com acumulados variando de 95 a 265 milímetros entre as regiões do cinturão citrícola.
Peso dos frutos e taxa de queda
À medida que a safra avança, o cenário projetado de alta produção e frutos pequenos está se concretizando. Para projetar o peso que os frutos chegariam ao ponto de colheita, foi utilizado um modelo de regressão com dados da derriça realizada em abril de 2019 e das safras de 2008/09 a 2018/19, além da precipitação média histórica no cinturão. Os valores mensurados na derriça desta safra, que contribuíram para prever que os frutos seriam de tamanho pequeno, são: a grande quantidade de frutos por árvore; a elevada proporção de laranjas de primeira e segunda floradas em relação ao total; e o peso dos frutos abaixo da média, aferido no momento da derriça, em comparação às safras anteriores.
Com base nesta regressão, a expectativa em maio de 2019 era de que as laranjas chegassem à colheita com peso médio de 157 gramas (260 frutos por caixa), cerca de 5% menor em relação ao peso médio observado nas onze últimas safras consideradas no modelo. Porém, se o volume acumulado de chuvas abaixo do histórico não se normalizar até o encerramento da colheita, isso poderá inibir o crescimento das laranjas de forma geral. Por isso, o peso médio dos frutos, considerando todas as variedades, é revisado para 156 gramas (262 frutos por caixa), o que significa uma redução de 0,77% em relação à projeção inicial.
A projeção da taxa de queda de frutos sobe de 17,60% para 17,63%, em média. O aumento devese à intensificação da queda das variedades Valência Americana, Seleta e Pineapple. A taxa das demais variedades está em conformidade com a projeção feita em maio. Se permanecerem nos patamares atuais até o encerramento da safra, a taxa desta temporada será a mais alta já medida pelo Fundecitrus.
Fonte: DATAGRO