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NOVA GREVE PREOCUPA INDÚSTRIA DE CARNE

Caminhoneiros de pelo menos cinco estados brasileiros iniciaram na manhã desta segunda-feira (09) uma série de protestos em rodovias, após não entrarem em acordo com o governo federal em relação às suas reivindicações. O movimento é articulado pelo Comando Nacional do Transporte, que se declara independente de sindicatos, e já cria temor para o agronegócio. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) criou um comitê de gestão de crise para acompanhar a greve e avaliar possíveis prejuízos a cadeia produtiva de aves e suínos.

Em nota divulgada na manhã desta segunda, a ABPA informou que o comitê visa traçar estratégias para enfrentamento dos efeitos da greve e, para isso, vai realizar levantamentos dos impactos e efetivar medidas para tornar viável a entrega de insumos nas granjas, o transporte de animais para o abate e de produtos para distribuição no mercado interno e para as exportações.

A entidade aponta que uma das principais preocupações dos exportadores neste momento são os embarques para países que costumam fazer estoques nesta época do ano. Um exemplo é a Rússia que, ao fim do ano, deixa de operar por cerca de um mês por causa do acúmulo de gelo nos portos com o rigoroso inverno local.

- Agora é mais sério. Alguns mercados compradores, como Rússia e Leste Europeu, estão exigindo que tudo seja carregado até 20 de novembro ou no máximo até o fim do mês – disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, temendo que a greve possa prejudicar as exportações.

- Há a ração e o pintainho que precisam chegar à granja; o frango tem o dia certo para ir para o abate e, depois, precisa ir a uma câmara fria para, na sequência, chegar a um porto ou um supermercado, dentro de um limite de dias. Toda cadeia se complica e ninguém tem espaço para ficar estocando – acrescentou.

- O mês de novembro será crucial para o setor recuperar perdas com a primeira greve dos caminhoneiros [no início do ano], além da paralisação dos trabalhos dos fiscais federais agropecuários, ocorrida entre setembro e outubro. A paralisação tem efeitos perversos no setor e, neste momento, tememos que sejam ainda piores que os que sofremos no início do ano. Esperamos, por isto, uma rápida ação por parte do governo –  declarou a entidade, em nota.

Na última paralisação da categoria, a ABPA calculou que os prejuízos para o setor de aves e suínos totalizaram mais de R$ 700 milhões. Na ocasião, cargas não puderam ser entregues, animais morreram por falta de entrega de ração, portos pararam, agroindústrias suspenderam abates e os estoques ficaram lotados. Como agravante, em outubro, os embarques de frango já haviam sido impactados por dificuldades operacionais no porto de Itajaí (SC), principal ponto de embarque deste tipo de carga, em função de chuvas.

Segundo a ABPA, diariamente, os exportadores de carne de frango embarcam, aproximadamente, 15 mil toneladas de frango, gerando receita de US$ 24,8 milhões. De carne suína, são 2,7 mil toneladas diárias, com receita de US$ 5,5 milhões.

Impasse

As paralisações começaram na madrugada desta segunda no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Os organizadores da greve garantem que a orientação não é a de fechar estradas. Porém, eles não vão recriminar os caminhoneiros que pararem (as estradas).

Os manifestantes pedem a redução do preço do óleo diesel, a criação do frete mínimo, salário unificado em todo o país e a liberação de crédito com juros subsidiados no valor de R$ 50 mil para transportadores autônomos. O grupo também quer ajuda federal para refinanciamento de dívidas de compra de seus veículos. O Planalto alega que atendeu a maior parte das reivindicações da categoria que, em abril, fez sua última paralisação do ano.

Fonte: Gazeta do Povo



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