Com dividas que se aproximam ao montante de R$ 1 bilhão, o Grupo Pupin ajuizou no dia 28 de agosto o pedido de Recuperação Judicial (RJ), na Comarca de Campo Verde (MT). O empresário José Pupin, já considerado o “Rei do Algodão”, chegou a negar o quadro de crise, afirmando que sua empresa não usaria este recurso judicial, para honrar suas obrigações com os credores.
No mês de julho, a situação chegou a ser relatada pelo jornal Valor Econômico, que noticiou quem a JPupin, em Mato Grosso, estava na ‘berlinda’ .
Com dívidas a R$ 1 bilhão, Pupin, também forte no cultivo da pluma, contratou a KPMG para assessorá-la na reestruturação desse passivo. Conforme apurado e divulgado pelo Valor, o produtor já havia colocado à venda praticamente metade de suas terras para saldar as dívidas.
- São cerca de 50 mil hectares, distribuídos em fazendas localizadas em Mato Grosso, Estado que concentra quase todos os ativos do produtor. Com essa venda, ele pretende levantar ao menos R$ 700 milhões para reduzir o endividamento – informou o jornal.
Segundo a matéria publicada pelo maior jornal de economia, negócios e finanças do Brasil, o plano de reestruturação também considera o alongamento dos débitos com os credores.
Dono de fazendas que somam aproximadamente 100 mil hectares e abrigam lavouras de algodão, soja e milho, além de pecuária e reflorestamento, Pupin sempre foi considerado um produtor eficiente e conservador. Conforme fontes do segmento, há cinco anos ele tinha muita liquidez. Costumava comprar insumos e máquinas praticamente à vista, e as terras que adquiria, sempre com recursos gerados por suas próprias operações, costumavam ter de 2 mil a 5 mil hectares.
Há quatro anos, contudo, Pupin adotou uma estratégia mais agressiva de compra de fazendas e passou a usar recursos captados no mercado financeiro. Adquiriu quase de uma vez só 40 mil hectares. Entre os diversos financiamentos que contratou para pagar essas aquisições está um de US$ 53 milhões com o fundo americano Metlife Investiment, a uma taxa um pouco inferior a 10% ao ano, com pagamento em cerca de dez anos. Apesar do prazo alongado, o empréstimo, em dólar, foi fechado com o câmbio de R$ 2, ao menos 40% mais baixo que os níveis atuais.
Conforme fontes próximas de Pupin, a grande liquidez do passado também motivou outros aportes da JPupin, como a construção de um novo armazém e a ampliação da beneficiadora de algodão do grupo. Presidente da Ampa, associação de cotonicultores do país, de maio de 2002 a abril de 2004, Pupin esteve à frente de outras entidades de classe, como o Instituto Algodão Social (IAS), destinado a projetos socioambientais do segmento. Em 2014, plantou 78 mil hectares entre soja, milho e algodão.
Aviso ao mercado
A confirmação do pedido de recuperação judicial foi dada pela assessoria da p´ropria JPupin. Em comunicado aos seu mercado do agronegócio, a empresa explicou que a medida tem como objetivo a proteção de ativos, manutenção de empregos e a superação da crise econômica e financeira do Grupo.
Fonte: Circuito Mato Grosso