Os estragos provocados pela chuvarada do dia 14 de dezembro podiam ser percebidos uma semana depois. A equipe do portal Agronovas visitou a região noroeste do Rio Grande do Sul na véspera do Natal e ainda encontrou lavouras alagadas em consequência de uma tarde de muita chuva – o temporal registrado em 14 de dezembro. As fotos foram tiradas nos municípios de Selbach e Alto Alegre, no Alto Jacuí – em algumas partes das terras ainda permanecia a água acumulada na plantação.
Conforme o engenheiro agrônomo da Integral Agrícola, Nédio Giordani, as perdas pelo excesso de chuva até o momento, na região de Cruz Alta, são principalmente devido a necessidade de replantio – em torno de 5% da área de 94 mil hectares.
- Muitas destas lavouras foram replantadas mais de uma vez, alguns chegando a quatro replantios na mesma área, pois as plantas emergiam e pela umidade do solo, chuva forte após o plantio, morriam atacadas por fungos – explica Giordani.
O excesso de chuva após o plantio, em média 600 mm por mês, provocou drenagem dos adubos utilizados no plantio, ocasionando falta para o desenvolvimento das plantas.
- Tudo isso somado a pouca luminosidade, muitos dias encobertos, está proporcionando planta com menor desenvolvimento, diminuição do comprimento dos nós. Isto não interfere no número de vagens, mas a baixa luminosidade proporciona menor fotossíntese e diminui a produtividade final – esclarece.
Com relação as pragas, o agrônomo relata que as lagartas estiveram presentes, mas em pequena quantidade, e com a umidade, aparentemente não devem se manifestar, já que os inimigos naturais se multiplicam, dificultando o surgimento de surto. O problema principal deverá ser os sugadores – Fede Fede, que estão nas lavouras em grande quantidade e se multiplicando rapidamente.
A ameaça da Ferrugem
A maior preocupação é com as doenças. Os níveis elevados de umidade favorecem o aparecimento das doenças foliares, principalmente Ferrugem.
- Além da Ferrugem ter antecipado em 30 dias na comparação aos outros anos, os agricultores estão tendo dificuldade de fazer as aplicações no momento oportuno, assim como muitas vezes logo após a aplicação chove lavando o produto e dando menos residual dos fungicidas. Se permanecer neste ritmo de chuvas, teremos grandes dificuldades de controle, ocasionando grandes perdas – avalia Giordani.
Como estamos no início do ciclo da soja, o cenário pode mudar, mas o agricultor deve ficar atento, e se este regime de chuvas continuar, é importante aproveitar os momentos em que é possível entrar na lavoura e fazer o controle necessário.
As lentes das câmeras do portal Agronovas registraram produtores aproveitando o tempo seco no final de dezembro para aplicar defensivos, o problema é que as chuvas deram pouco tempo para o trabalho no campo. No dia 04 de janeiro, mais uma vez, choveu na região produtora de grãos.