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MORRE NONÔ PEREIRA

O agricultor e maior difusor da tecnologia do plantio direto na palha, Manoel Henrique “Nonô” Pereira, faleceu na terça-feira (08) pela manhã, aos 76 anos, em Ponta Grossa. Ele lutava contra o câncer e recebia cuidados médicos e de sua família.

Nonô Pereira desenvolveu o plantio direto em suas lavouras, em Palmeira, e difundiu a tecnologia no Brasil e no exterior. O sistema dispensa revolvimento do solo, garantindo fertilidade e evitando problemas como o assoreamento dos rios. O agricultor atuou 40 anos como incentivador da prática conservacionista, que hoje abrange 32 milhões de hectares no Brasil.

O velório está sendo realizado em Ponta Grossa, no cemitério Campos Gerais (Av. Monteiro Lobato, 2.625). O corpo será cremado às 10 horas desta quarta-feira (09).

Nonô Pereira foi três vezes presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FebraPDP). A duas primeiras quando a entidade se firmava (1996-1998 e 1998-2000). Voltou ao posto entre 2008 e 2010, quando o plantio direto já havia se consolidado em todas as regiões agrícolas do país como sistema mais produtivo para o cultivo de grãos. Na gestão atual, exercia o posto de diretor honorário fundador, ao lado de Herbert Arnold Bartz e Franke Dijkstra

Nonô Pereira sabia de sua importância enquanto um dos precursores do plantio direto, embora relatasse que a tecnologia não tinha um único pai. Dedicou grande energia enquanto difusor da tecnologia, começando como um dos fundadores, em 1974, o Clube da Minhoca de Ponta Grossa, que acabou se tornando a FebraPDP.

O sistema plantio direto – hoje conhecido pela sigla SPD, que substitui a antiga designação de plantio direto na palha, ou PDP – começou a ser usado no Brasil em 1971. Já tinha sido testado em países como Estados Unidos e Inglaterra, onde é chamado de no-till (sem arar).

Conforme apurou a FebraPDP, o produtor Herbert Arnold Bartz começou a usar o sistema, em Rolândia, Norte do Paraná, como estratégia para combater a erosão. A primeira área em que as sementes foram depositadas em sulcos, sem que a terra fosse revolvida por arados, era de soja e tinha 200 hectares.

Três anos depois, o sistema já era adotado nos Campos Gerais e lideranças como Franke Dijkstra e Nonô Pereira passaram a atuar como incentivadores da tecnologia. Com um sorriso franco no rosto, Nonô Pereira passou a divulgar o sistema em diversas regiões do Brasil e inclusive no exterior. Daí ser lembrado enquanto principal difusor da tecnogologia.

No museu que montou em sua propriedade, em Palmeira, ele colecionava dezenas de cartazes que registraram sua presença em eventos pelo mundo afora. Viajou pela América do Sul, pelos Estados Unidos e inclusive pela África.

Para Nonô Pereira, a agricultura não era simplesmente uma atividade produtiva. O homem do campo “é essencialmente um produtor de alimentos”, defendia. Uma constatação que faz toda a diferença e que torna a atividade uma das profissões mais importantes do mundo, considerava.

Ponto sempre destacado por Nonô Pereira é também o lado ambiental da agricultura. Cada palmo que o plantio direto ganhou na época em que os arados facilitavam a degradação do solo fez diferença para reduzir o assoreamento dos rios, apontava.

Com orgulho, apresentava em sua fazenda, em Palmeira, áreas com mais de 20 anos de cultivo sem qualquer revolvimento, onde minhocas se multiplicam pouco abaixo da superfície e pássaros surgem em revoadas. Ano após anos, houve concentração de material orgânico, relatava, e o solo arenoso se transformou em terra tão fértil quanto o de regiões mais produtivas do país.

Fonte: Gazeta do Povo



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