Os brasileiros consomem cerca de 27 quilos de hortaliças por ano, de acordo com estudo feito pelo IBGE (Índice Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2008. Segundo o MAPA (Ministério da Agricultura), são comercializadas cerca de 15 milhões de toneladas de hortaliça por ano, totalizando o valor de 10 bilhões de reais no atacado. Por outro lado, a perda anual devido às pragas atinge 7,7% de toda produção agrícola nacional, o equivalente a 25 milhões de toneladas (em todas as culturas), um prejuízo de cerca de 55 bilhões de reais, segundo texto publicado no livro “Defesa Vegetal – Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas”.
Para reverter esse quadro, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma técnica utilizada para manter sob controle o nível de pragas na lavoura de modo que esta não prejudique a plantação. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) um MIP bem estruturado pode reduzir o custo de defensivos agrícolas em até 30 dólares por hectare.
No Brasil, embora o uso do controle biológico não seja uma prática generalizada entre os agricultores, há avanços significativos em alguns cultivos, no entanto, segundo a doutora Maria Aparecida Cassilha Zawadneak, professora da Universidade Federal do Paraná, O MIP em cultura de hortaliças no Brasil ainda é incipiente. “Há necessidade de levantamento de demandas junto ao setor produtivo, geração de pesquisas e de tecnologias viáveis para uso no campo”, diz.
Segundo a professora, há inúmeras pragas-chave causando danos em hortaliças e para a redução delas ainda predomina o controle químico, porém, o controle biológico vem ganhando espaço. “O uso de ácaros predadores e de vespas parasitoides para controle biológico está sendo difundido e bem aceito pelos produtores”, afirma.
Os agentes de controle biológico, como os predadores e os parasitoides, auxiliam na manutenção de populações de pragas em níveis que não causam danos econômicos, e ainda, com baixo impacto ambiental. “Ao contrário dos agrotóxicos, esta técnica é específica para os organismos-alvo sem impactar os aplicadores e a qualidade dos alimentos produzidos”, reitera Maria Zawadneak.
Incentivo aos produtores
Em uma parceria entre o SENAR -PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná), a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e o apoio de empresas de controle biológico como a PROMIP e de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina,está sendo ministrado um curso de capacitação e formação de controle biológico, em Curitiba, no período de 2 a 6 de abril. O objetivo é capacitar instrutores do SENAR em tecnologias de manejo integrado de pragas de olerícolas com ênfase em controle biológico. “Estes instrutores serão multiplicadores dos conhecimentos, difundindo aos produtores rurais as novas alternativas e a maneira correta de empregá-las para o controle de pragas”, diz a professora.
A colaboradora Vanessa Reinhart, do SENAR – PR, explica a importância do evento para o setor de hortaliças devido à exigência cada vez maior dos consumidores por produtos saudáveis e de qualidade, que sigam os preceitos das boas práticas agrícolas, utilizando cada vez menos agrotóxicos. “Além do fator consumidor, nossa maior área de produção está localizada em um cinturão verde, fonte de águas que abastecem a região, nesse contexto a utilização de tecnologias que agridam menos o ambiente deve ser cada vez mais difundida”, diz.
Segundo Vanessa, a expectativa do SENAR/PR é que a partir do momento em que os produtores começarem a ter mais acesso às informações técnicas, importância e modo de utilização dessas ferramentas de controle biológico, haja um aumento significativo de sua utilização.
“O que temos observado a campo é que os produtores não têm conhecimento sobre a tecnologia, não sabem diferenciar pragas de inimigos naturais e não imaginam que além dos benefícios ambientais essa tecnologia pode gerar grande economia e até substituir totalmente o controle químico. A partir dos instrutores que estão participando deste curso, esperamos difundir as informações por todo o estado do Paraná, criando uma rede de produtores informados e conscientizados aptos a começar programas de MIP mais estruturados em suas propriedades”, reitera.
Fonte: Promip
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Fonte: Sistema FAEP