A BRF, maior exportadora de carne de frango do mundo, tem realizado importações de milho de países do Mercosul para abastecer suas operações no Brasil em um momento de escassez do grão no mercado doméstico, mas não avalia fazer compras de fora do bloco econômico, disse a empresa nesta terça-feira, sem revelar volumes negociados.
O governo brasileiro zerou na semana passada a tarifa para importações de milho de fora do Mercosul, numa tentativa de aliviar a oferta no Brasil, melhorando a competitividade do milho dos Estados Unidos e gerando, entre agentes do mercado, expectativas sobre importações do cereal norte-americano.
Questionada se avalia ou já fechou negócio de milho de fora do Mercosul, dos EUA, por exemplo, a BRF disse que “não”.
- A BRF tem buscado as melhores alternativas de preços e possibilidades para abastecer sua operação… Está constantemente avaliando possibilidades de importação e avaliando o preço do produto no mercado interno – disse a empresa em resposta a perguntas enviadas pela Reuters por e-mail.
Nesta terça, o governo brasileiro detalhou as normas para importação de milho de fora do Mercosul, estabelecendo um limite de 100 mil toneladas por empresa, até o limite nacional total de 1 milhão de toneladas, com aquisições podendo ser realizadas até 18 de outubro.
Todas as empresas terão que solicitar à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) uma licença.
A secretaria informou à Reuters que
- Como a portaria contendo a definição dos critérios de distribuição da cota foi publicada hoje, até o momento não houve a análise de nenhum pedido de licença de importação – disse.
Procurada, a JBS –outra grande indústria de aves e suínos do país– não comentou sobre seu abastecimento de milho.
O gerente de compras de grãos da cooperativa Aurora, Jacó Ritter, limitou-se a dizer que
- Estamos bem armazenados – sem comentar sobre importações.
Em meados de abril, um outro executivo da Aurora –terceiro maior grupo agroindustrial do país– havia dito que uniu-se a outros grandes compradores de milho, formando um “pool”, para importar milho da Argentina, com navios chegando ao porto de Rio Grande (RS), sem revelar detalhes sobre volumes.
BRF, JBS e Aurora têm suas unidades de abate e criadouros de aves e suínos concentrados em Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ao passo que analistas apontam que eventuais importações de milho dos EUA serão mais competitivas nos portos do Nordeste, abastecendo granjas em Estados como Ceará e Pernambuco.
Entre janeiro e março, o Brasil importou 137,7 mil toneladas de milho, sendo 57 por cento do Paraguai e 42 por cento da Argentina.
Fonte: Reuters