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Milho cai para abaixo do preço mínimo no Paraná

Mesmo com um avanço ainda tímido da colheita do milho safrinha no Paraná, as cotações já começam a sofrer pressão negativa. A concretização de uma safra recorde no país e as recentes quedas no mercado internacional são alguns dos fatores que explicam o cenário. As informações constam na análise do Departamento de Técnico Econômico (DTE) da FAEP, que traz ainda um panorama sobre os mercados de trigo e de soja nos mercados interno e global. Confira a seguir o texto completo:

Soja

Paraná: Com a queda dos preços no mercado internacional a comercialização no mercado interno segue com negócios escassos nas principais regiões produtoras. Nem mesmo a alta do dólar na semana (+1,4%) chegando a R$ 3,33 fez frente à queda de quase 4% em Chicago.

O preço no mercado de balcão da Seab fecha a semana a R$ 58,75/sc com queda de 2% na semana.

Internacional: As cotações da soja caíram fortemente esta semana na Bolsa de Chicago, após um período de relativa estabilidade das cotações. O motivo principal da queda foi o clima favorável no meio oeste americano. O contrato jul/17 fechou nesta sexta-feira (23) cotado a US$ 9,05/bu com queda de 3,6% na semana.

As temperaturas voltaram ao normal graças à ocorrência de chuvas generalizadas. Para os próximos dias a previsão é de chuvas acima do normal para grande parte da região produtora de soja de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos. A preocupação permanece sendo a porção noroeste do Meio Oeste (Dakotas) que registra maior déficit hídrico.

O plantio nos Estados Unidos chegou esta semana a 96% da área, adiantado em relação ao ano passado e à média das últimas safras. As chuvas trouxeram uma ligeira melhora das lavouras em relação a semana anterior, com 57% em boas condições, 10% em excelentes condições, 26% medianas e 7% ruins ou muito ruins.

Além do clima americano, que ainda fornecerá subsidio para especulações pelos próximos meses, as vendas para exportação dos Estados Unidos na terceira semana de junho tiveram queda considerável. Da safra 16/17 foram vendidas 111,2 mil toneladas com redução de 67% em relação à semana anterior e de 72% em comparação com a média das últimas quatro semanas. Da safra 17/18 foram vendidas 3,8 mil toneladas.

A safra Argentina, cuja colheita alcançou esta semana 98% da área também é fator de baixa nos preços. A produção nacional, de acordo com a Bolsa de Cereales de Buenos Aires, atingiu 57 milhões de toneladas, a segunda maior da história. A produtividade média nacional de 3.190 kg/ha (53 sacas 60 kg) é recorde e só não foi maior por perdas de rendimento registradas para os plantios mais tardios. Apesar dos números bons, o país registrou perda de 1,15 milhão de hectares devido as chuvas dos últimos meses.

Milho
Paraná: A colheita da safrinha atingiu 2% da área plantada, com avanço de 1 ponto percentual em relação ao mês anterior. No mesmo período do ano passado 10% da área já estava colhida e na média dos últimos quatro anos a colheita era de 5%. O atraso é fruto tanto do plantio mais tardio em algumas regiões produtoras (oeste) como também da umidade muito elevada para colheita.

A condição das lavouras é predominantemente boa (93%) contra 63% do ano passado, 6% estão em condições medianas e 1% das lavouras são classificadas como ruins.

Mesmo com a colheita incipiente a queda nos preços preocupa em função da safra recorde que se confirma. Nesta sexta feira (23) o preço médio de balcão divulgado pela Seab chegou a R$ 19,13/sc, abaixo do preço mínimo e com queda semanal de 6% em relação à semana anterior.

Internacional: O milho registrou a maior queda da semana em Chicago, muito em função dos ganhos acumulados nas semanas anteriores (estimulando realização de lucros). Os fatores de queda foram os mesmos da soja: umidade adequada no meio oeste americano e exportações fracas. Contrato jul/17 fechou nesta sexta-feira (23) cotado a US$ 3,59/bu com queda de 6,5% na semana.

A emergência de plantas atingiu no início desta semana 98% da área americana e as condições das lavouras estão ligeiramente melhores em relação à semana anterior. As áreas em excelentes condições somam 12% contra 10% da semana passada. As áreas em boas condições totalizam 55% contra 57% da semana anterior.

As vendas líquidas americanas foram de 528,8 mil toneladas da safra 16/17 com queda de 12% em relação à semana anterior, porém com alta de 16% frente à média das últimas quatro semanas. Da temporada 17/18 foram negociadas 124 mil toneladas para exportação.

Trigo

Paraná: O plantio de trigo chegou a 86% da área, evoluindo dentro da normalidade e praticamente em linha com o ano anterior quando 85% da área estava semeada.

As condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras também são consideradas boas, apenas com algumas áreas registrando perdas devido ao excesso de chuvas da segunda quinzena de maio. Das lavouras paranaenses, 95% estão em boas condições e 5% em condições medianas.

O preço médio balcão da Seab nesta sexta-feira (23) é de R$ 33,33/sc com alta de 1% na semana.

Internacional: O trigo foi o destaque com alta de quase 3% no acumulado da semana em Chicago devido a problemas de qualidade nas lavouras americanas, do Canadá e da França e bom fluxo de vendas para exportação. Os preços resistem à forte realização de lucros por parte dos fundos que ocasionaram alguns pregões de quedas ao longo das últimas semanas. Contrato jul/17 fechou nesta sexta-feira (23) cotado a US$ 4,73/bu com alta de 1,7% na semana.

O suporte positivo vem das perdas de qualidade registradas semana após semanas tanto para o trigo de primavera (situação mais grave) quanto para o trigo de inverno.

A colheita do trigo de inverno está em linha com a média histórica e chega a 28% da área contra 17% registrado na semana anterior. A qualidade das lavouras apresentou um leve declínio na semana com diminuição do percentual em boas condições para 41%. As lavouras consideradas excelentes somam 8% e ruins ou muito ruins 16%.

As lavouras de primavera estão começando a fase de floração, que já atinge 15% da área. A seca que vem sendo registrada nas planícies do oeste americano tem refletido no desenvolvimento das lavouras e a previsão para a próxima semana ainda é de chuvas abaixo do normal. O percentual de lavouras consideradas ruins ou muito ruins aumentou de 20% para 27% esta semana. As áreas em condições medianas caíram de 35% para 32% e boas a excelentes de 45% para 41%.

O hemisfério sul também enfrenta problemas na implantação das lavouras. No Brasil, o Paraná é a exceção com 86% da área plantada e sem adversidades registradas até o momento. A preocupação continua sendo o Rio Grande do Sul que está com 53% da área plantada apenas contra 74% da média histórica. A trégua das chuvas nos últimos 10 dias permitiram o avanço de 12% para 53% nesta semana de acordo com a Emater.

Na Argentina o excesso de umidade ainda causa atrasos no plantio na região centro-oeste da Província de Buenos Aires, na Província de La Pampa e Córdoba. Apesar disso, a estimativa da Bolsa de Cereales de Buenos Aires continua sendo de aumento de 5,1 para 5,5 milhões de hectares de trigo para esta safra, com 53% deles já plantados.

Ana Paula Kowalski – Assessora Técnica – DTE/FAEP

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Fonte: Sistema FAEP



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