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MILHO BIOFORTIFICADO É UMA OPÇÃO DE SEMENTES

Em sua edição mais recente, de 2018/2019, o programa Hora de Plantar, do Governo do Ceará, distribuiu sementes e mudas com elevado potencial genético para mais de 150 mil produtores no estado. A Embrapa tem papel importante nessa iniciativa, haja vista que 75% das sementes de milho ofertadas pelo programa são oriundos de materiais genéticos da Empresa. Foram entregues 2,2 milhões de toneladas de sementes de milho híbrido e 408 toneladas de sementes de milho variedade no período. Essa parceria, que já está rendendo frutos, tende a se fortalecer com a chegada da cultivar de milho biofortificado BRS 4104.

A variedade foi apresentada oficialmente a técnicos e produtores do Ceará no final de junho durante o seminário “Milho e outras culturas biofortificadas: opções nutritivas e viáveis para o Nordeste”, realizado no Centro de Treinamento em Extensão Rural da Empresa de Assistência Técnica do Ceará (Ematerce), no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Em sua fala inicial, o engenheiro agrônomo Marcos Vinícius Assunção, da Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Codaf), órgão pertencente à Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), ressaltou a importância da Embrapa no programa e solicitou que a BRS 4104 passasse a ser incluída no Hora de Plantar, abrindo a possibilidade de, a partir do próximo ano, a variedade já estar nos campos cearenses.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (SDA), Francisco de Assis Diniz, a Embrapa atua como “um guia e um farol” para as atividades desenvolvidas pela pasta.

“Essa parceria nos consolida dentro do programa Hora de Plantar. Queremos fazer uma inovação, fortalecendo o desenvolvimento das cadeias produtivas. A agricultura familiar não pode ser percebida unicamente como atividade de subsistência e nem como alvo de assistência social. Temos de ter a porta de saída da comercialização”, afirma.

O seminário foi aberto com a palestra do pesquisador José Luiz Viana de Carvalho, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), sobre o Projeto BioFORT. O especialista chamou atenção para o fenômeno da “fome oculta”, em que a pessoa se alimenta, mas não se nutre. Trata-se de um problema mundial que atinge cerca de um terço da população. No Brasil, estados como Maranhão e Sergipe apresentam áreas com deficiência elevada nutricional em crianças de até cinco anos.

“O projeto global de biofortificação de culturas agrícolas surgiu a partir da necessidade de solução para o problema da deficiência de micronutrientes essenciais como zinco, ferro e vitamina A na população. Busca-se não só atuar no lançamento de novas variedades, mas sim atender toda a cadeia produtiva”, explica.

Na sequência, a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentou as características nutricionais da nova cultivar e o processo de pesquisa e desenvolvimento envolvido na biofortificação. A seguir, o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, também da Embrapa Milho e Sorgo, abordou os aspectos de melhoramento de plantas específicos na criação do milho biofortificado e as características agronômicas do cultivar da Embrapa.

Em sua palestra, Dias Paes destacou a vantagem nutricional e os resultados do processamento industrial da BRS 4104. Nessa variedade mais nutritiva de milho, a concentração de pró-vitamina A é de 2,5 a 3,2 vezes maior do que os valores encontrados em média no milho comum. As reduções dos precursores de vitamina A do milho biofortificado durante a fabricação e o armazenamento de farinhas e da canjica, e o preparo de produtos como cuscuz, são mínimas. Além disso, como os derivados deste material apresentam uma cor amarela mais intensa, há tendência de influenciar positivamente o consumidor no momento da compra.

O manejo do BRS 4104 em diferentes condições de solo e clima, nos estados do Piauí e do Maranhão, foi abordado pelos analistas Carlos Martins Santiago, da Embrapa Cocais (São Luís-MA), e Adão Cabral das Neves, da Embrapa Meio-Norte (Teresina-PI).

Biofortificação e Milho BRS 4104

No Brasil, as atividades de biofortificação são coordenadas pelo projeto BioFORT, liderado pela Embrapa, com o propósito de garantir maior segurança alimentar, por meio do aumento dos minerais ferro e zinco, assim como da vitamina A na forma dos carotenoides precursores, em alimentos básicos da população brasileira.

Fonte: Embrapa



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