As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta terça-feira (19) em campo positivo, após o feriado de Martin Luther King Jr comemorado nos EUA nesta segunda-feira (18). As principais posições do cereal exibiam altas entre 3,25 e 4,25 pontos, por volta das 7h55 (horário de Brasília). O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,67 por bushel e o maio/16 a US$ 3,71 por bushel.
Diante da falta de novas informações que possam alavancar as cotações do cereal, os investidores permanecem atentos à demanda pelo produto norte-americano. Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reporta novo boletim de embarques semanais de milho, importante indicador de demanda. Além disso, já há especulações sobre a próxima safra americana e qual será a área destinada à semeadura do grão.
Por outro lado, a Argentina também segue em pauta no mercado internacional. Ainda na semana anterior, o governo do país informou que a área plantada com o milho deverá registrar um incremento de 9% nesta temporada.
Confira informações do mercado interno:
Milho: No Brasil, vendas antecipadas da safrinha 2015/16 superam os 30% da produção estimada
Com o estímulo do dólar, as vendas antecipadas da safrinha de milho 2015/16 variam entre 30% até 35% em todo o Brasil. Para a próxima temporada, a perspectiva é que sejam colhidas 54.562,8 milhões de toneladas do cereal, conforme os números oficiais reportados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). E a exemplo do que aconteceu na temporada anterior, os produtores aproveitaram os preços mais altos e já fixaram parte da segunda safra. A moeda norte-americana segue sua escalada acima dos R$ 4,00.
Segundo o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, em alguns estados, o volume de milho vendido chega a 45%, como é o caso de Mato Grosso e Goiás. "Já no Paraná, temos esse número próximo dos 30% e em alguns estados onde ainda há dúvidas em relação à área que será cultivada na safrinha, como Mato Grosso do Sul, Bahia e Tocantins, os produtores estão cautelosos e o volume negociado antecipadamente gira em torno de 18% a 20%", afirma.
Ainda assim, o consultor ainda destaca que nesse instante as negociações estão paradas. "Os produtores já venderam e se protegeram e agora tentarão buscar preços mais altos", ressalta Fernandes. No caso do maior estado produtor do grão, o Mato Grosso, a comercialização antecipada atingiu 55,4% da produção estimada até o final do mês de dezembro de 2015.
Porém, com as preocupações decorrentes da ausência de chuvas e das altas temperaturas registradas em novembro e boa parte de dezembro os produtores interromperam os negócios, segundo levantamento realizado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Além disso, o grande volume já contratado também tem colaborado para avanços tímidos na comercialização, mesmo com o preço médio sendo o maior já registrado, com média de R$ 18,24 a saca do grão no estado.
Contudo, mesmo com a janela ideal de plantio mais estreita, é consenso entre os especialistas de que não deverá haver uma redução na área cultivada com o grão na segunda safra. Para a Conab, a área cultivada com o milho na segunda safra deverá totalizar 9.550,6 milhões de hectares, a mesma registrada na temporada 2014/15.
"Também acreditamos em uma manutenção da área plantada. E mesmo com os problemas em relação ao atraso no plantio e, consequentemente na colheita da soja, os produtores deverão arriscar mais em função dos preços", diz o consultor em agronegócio.
Já o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, projeta um aumento de 500 mil hectares à estimativa oficial. Com isso, a perspectiva é que os produtores cultivem em torno de 10 milhões de hectares com o grão na próxima safrinha.
Comportamento dos preços
Os especialistas ainda ressaltam que a perspectiva é favorável aos preços do cereal ao longo de 2016. A projeção é fundamentada no dólar, que tem sido um dos principais fatores de suporte aos preços. Além disso, o quadro de oferta e demanda mais apertado, após as exportações expressivas registradas em 2015 também contribuem para o cenário, segundo sinalizam os analistas.
"Ainda não há uma sinalização que o impasse no cenário econômico e político no país se resolva e haja uma estabilização no câmbio. Claro que se tivermos um dólar mais baixo, as cotações também deverão se acomodar em patamares mais baixos do que os praticados atualmente. No entanto, o quadro de oferta e demanda ajustado ainda deverá dar sustentação aos preços", diz Brandalizze.
Fernandes também acredita que os valores deverão permanecer suportados. "Não acredito que teremos preços próximos de R$ 45,00 a saca o ano todo, mas teremos valores sustentados. As exportações aquecidas nessa temporada acabaram enxugando a oferta excedente no mercado doméstico. E precisaremos de uma boa safrinha de milho para abastecer a demanda interna de alguns estados, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul", relata.
Paralelamente, os embarques de milho seguem aquecidos, conforme informações divulgadas pelo Cepea nesta segunda-feira (18). De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações do cereal somaram 2.869,7 milhões de toneladas nos dez primeiros dias úteis de janeiro. A média diária embarcada ficou em 287 mil toneladas. Entre os meses de fevereiro a dezembro de 2015, os embarques de milho estão próximos de 25,7 milhões de toneladas, ainda segundo dados da secretaria.
Mas os analistas acreditam em um volume próximo de 30 milhões de toneladas no mesmo período. Para essa temporada, de fevereiro/15 a janeiro/16, a estimativa é que sejam embarcadas 35 milhões de toneladas. O número está bem acima do recorde registrado em 2013, de 26,6 milhões de toneladas.
Enquanto isso, no mercado interno as cotações permanecem em patamares elevados. Nesta segunda-feira (18), as cotações subiram 3,33% nas praças de Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, e a saca do milho terminou o dia negociada a R$ 31,00. Em São Gabriel do Oeste (MS), o ganho foi de 3,23%, com a saca do cereal a R$ 32,00.
Em Campo Novo do Parecis (MT) e Tangará da Serra (MT), as cotações permaneceram estáveis em R$ 25,00 a saca e R$ 26,00 a saca, respectivamente. Na região de Não-me-toque (RS), preços inalterados em R$ 30,00 a saca do cereal.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor