A arrecadação do governo federal encerrou julho com queda real de 5,8 por cento sobre igual período de 2015, a 107,416 bilhões de reais, pior resultado para o mês desde 2010, em mais um dado que reflete o impacto da recessão para os cofres públicos.
O resultado também ficou abaixo da estimativa de 109 bilhões de reais em pesquisa Reuters com especialistas.
Segundo informou a Receita Federal nesta sexta-feira, o declínio no mês foi mais forte no recolhimento de Imposto de Importação/IPI-Vinculado, -37,76 por cento sobre julho de 2015, Cofins/Pis-Pasep (-4,98 por cento) e com a receita previdenciária (-2,60 por cento).
Isso acabou ofuscando a diminuição de 9,35 por cento nas desonerações no período, a 7,567 bilhões de reais, e o crescimento real de 10,96 por cento na arrecadação com Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No acumulado de janeiro a julho, a arrecadação somou 724,673 bilhões de reais, declínio de 7,11 por cento sobre igual etapa do ano passado, já descontada a inflação. O dado também foi o pior para o período desde 2010 (699,861 bilhões de reais).
O governo tem acompanhado com lupa o comportamento da arrecadação buscando sinais de estabilização que ajudem a evitar a alta de impostos para atingir a meta fiscal do próximo ano, num ambiente de resistência política do Congresso em relação a projetos de ajuste e às vésperas da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Até o fim deste mês, o Executivo deve encaminhar aos parlamentares a composição das receitas e despesas que resultarão no déficit primário de 139 bilhões de reais definido para o governo central (governo federal, Previdência e Banco Central) para 2017.
A equipe econômica já destacou que para atingir a meta será necessário contar com esforço fiscal extra de 55,4 bilhões de reais.
Para este ano, a meta é de déficit primário de 170,5 bilhões de reais para o governo central. Se confirmado, este será o terceiro ano que o país não consegue fazer economia para pagamento de juros da dívida pública.
Fonte: Reuters