foto-trigo-Vasco-e-João

MERCADO ESTÁVEL

Três aspectos são determinantes para a formação do preço do trigo nesta temporada: o mercado internacional, a produção nacional do cereal e o câmbio. No atual cenário, somente o dólar está jogando a favor do triticultor.

Em 10 de junho, o Relatório do Departamento de Agricultora dos Estados Unidos (USDA) apresentou uma expectativa de leve alta dos estoques mundiais, que, aliás, já andam em patamares elevados. Para se ter uma ideia, há três anos – na safra 2012/13 o volume de trigo ao redor do mundo era de 176 milhões de toneladas e para a safra 2015/16 (junho de 2015 a maio de 2016) a projeção é de 202 milhões de toneladas.

- Não existe tendência de recuperação dos preços internacionais. Devemos manter os patamares próximos ao do ano passado – avalia o analista de mercado da Safras & Mercado, Elcio Bento.

Outra variável que afeta a cotação do trigo aqui no Brasil é a produção doméstica. Segundo estimativa da Consultoria Safras & Mercado, mesmo com uma área 6% menor nesta temporada, a colheita nacional do cereal alcançará 7,4 milhões de toneladas, contra os 6,3 milhões de toneladas obtidas no ano passado. O Paraná deve responder por 4 milhões de toneladas e o Rio Grande do Sul por 2,8 a 3 milhões de toneladas. Mas esse potencial produtivo precisa ser confirmado no campo, o que deixa esse fator ainda flexível para compor a cotação do cereal.

A disparada do dólar foi fundamental para equilibrar a cotação do cereal do ano passado pra cá: o mercado internacional do trigo desvalorizou 18,5% e a moeda norte-americana valorizou 38% no mesmo período.

- Esse fator pode sustentar novamente os preços no Brasil – ressalta Bento.

O produtor, Hermenegildo Ceolin, que plantou 100 hectares de trigo em Jóia no noroeste do Rio Grande do Sul, ante os 150 hectares cultivados em 2014,  faz a seguinte cálculo para valer a pena apostar no cereal: com uma média de produtividade de 40 sacas/ha, o preço de R$30/saca já é lucrativo. Já o agricultor, Vasco Isidro Pillatt, que plantou 400 hectares com a principal cultura de inverno – 200 hectares a menos na comparação com o ano passado, espera uma cotação mais elevada: acima de R$ 36/saca.

- O preço está baixo, se considerar os investimentos. Se investir alto, não sobra nada, só planta para fazer a cobertura na terra – critica Pillatt.

Mas o mercado do trigo não deve sofrer grandes alterações, de acordo com a projeção da Safras.

- No ano comercial a cotação deve ser superior ao último ano, devido ao câmbio, ficando numa média de R$ 30/saca – avalia Bento.



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.