Mesmo com uma produção maior, o Rio Grande do Sul exportou menos tabaco no ano passado, segundo levantamento da Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS). Embarques represados podem estar por trás do fenômeno.
O recuo, segundo o estudo, foi de 4,7% em volume (17 mil toneladas a menos) e de 2,2% em valor (US$ 35 milhões a menos). Ao todo, foi embarcado US$ 1,55 bilhão. A redução nas receitas (a quinta maior entre todos os produtos exportados do Estado) só não foi maior porque os preços negociados foram melhores – em média, 2,56% mais altos. Com isso, a participação do tabaco no total das vendas externas gaúchas caiu de 9,6% para 8,7%. Em contrapartida, enquanto em 2016 o fenômeno climático El Niño provocou uma quebra de safra, no ano passado houve elevações significativas tanto na produção (27%, chegando a 415 mil toneladas) quanto no rendimento médio por hectare plantado (24%).
De acordo com o presidente da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, trata-se de uma situação relativamente normal na rotina das fumageiras.
“Quando o tabaco é negociado, o comprador determina quando quer receber. Então, o fumo pode ser beneficiado e vendido em um ano, mas embarcado no outro”, observou.
Fontes ligadas a empresas do setor, porém, apontam outras possíveis explicações. Uma delas é de que haja uma diferença entre o que se produziu e o que efetivamente se conseguiu vender. A outra é que embarques previstos para o ano passado tenham sido postergados, inclusive em função de disponibilidade de contêineres.
“Isso se acentuou muito esse ano e refletiu violentamente no mercado. Muitas cargas deveriam ter sido embarcadas no ano passado e ainda não foram”, relatou o executivo de uma exportadora.
Tudo indica que o acúmulo de tabaco deve repercutir nas exportações de 2018.
Apesar do cenário, o tabaco se manteve como o segundo principal produto da pauta de exportações do Rio Grande do Sul, atrás apenas da soja.
“Mesmo com essa queda, a representatividade do tabaco para as exportações do Estado é muito alta”, analisa o pesquisador da FEE-RS, Tomás Torezani.
Fonte: Portal do Tabaco