O tamanho da JBS sempre preocupou os pecuaristas do País: um soluço na empresa, que em alguns Estados é responsável por mais da metade do abate de gado, afetaria toda a cadeia. Foi exatamente o que aconteceu depois de o setor ter sido atingido por duas crises seguidas – a Operação Carne Fraca e a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, dono do frigorífico.
O preço da arroba despencou, os pecuaristas têm enfrentado obstáculos para receber antecipadamente o dinheiro da venda do boi gordo e, com medo de calote, vários bancos se recusam a aceitar notas promissórias emitidas pelo frigorífico.
Em maio, a cotação do boi gordo caiu 4,63%. Foi a maior retração no mês em 20 anos, segundo o Indicador Esalq/BM&FBovespa, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea).
Até a eclosão da crise envolvendo o dono da empresa, o frigorífico pagava à vista o pecuarista. Mas depois do episódio mudou o modelo de negócio. Passou a quitar a fatura em 30 dias, emitindo Nota Promissória Rural (NPR), cujo resgate antecipado em instituições financeiras tem sido uma dificuldade para os pecuaristas.
Segundo relatos, Banco do Brasil, Bradesco e Santander não estão antecipando o resgate da NPRs.
- Na minha região em Juara (MT), houve casos de bancos que não quiseram descontar a NPR – conta o vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luís Fernando Conte. Os bancos não comentam.
Em nota, a JBS esclarece que – a padronização da política de pagamento dos fornecedores de gado em 30 dias aconteceu há um mês. 97% das compras já eram realizadas dessa forma. A Companhia esclarece ainda que o desconto de NPR é uma operação feita entre banco e o produtor rural e não possui relação com a JBS. –
Fonte: Estadão