A nova abertura do mercado norte-americano animou a pecuária brasileira, mas mesmo que haja um ganho nas exportações de carne bovina nos próximos meses, os resultados não serão suficientes para saldar as expressivas perdas do primeiro semestre.
A avaliação foi dada pelo coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, durante a apresentação de balanço do Rally da Pecuária 2015, ontem (1).
Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que entre os meses de janeiro e maio deste ano, o setor faturou cerca de US$ 2,2 bilhões, 18% menos que o mesmo período de 2014, e exportou 543,7 mil toneladas, uma queda de 14%.
- Temos um cenário positivo para o segundo semestre, muita notícia boa [sobre abertura de mercados] vai se concretizar, mas não vamos conseguir reverter os resultados dos primeiros cinco meses – afirma o especialista.
Ao abrir os Estados Unidos, Nogueira ressalta que a carne bovina brasileira tem acesso a outros mercados estratégicos, como México e Japão. A garantia vem do status sanitário atingido pelo produto nacional, de alta qualidade. Arábia Saudita e China incrementam as apostas de melhoria nos dados de exportação.
- Na prática, nós só atenderemos a nova demanda norte-americana no ano que vem – acrescenta.
O próximo passo é validar as plantas que realizarão os embarques.
Projeções
Com base nas informações da expedição, Nogueira, que também é coordenador do rally, diz que as chuvas dos últimos meses favoreceram a qualidade dos pastos. Sendo assim, pode haver um movimento de retenção de fêmeas nas fazendas e, em consequência, um possível aumento no rebanho.
Em contrapartida, o pecuarista que tiver “juízo” vai encaminhar para o abate as matrizes que não emprenharam. Com isso, os abates podem aumentar entre 0,58% e 1%.
- No primeiro semestre muitos frigoríficos trabalharam ociosos por falta de oferta, agora eles precisam voltar às atividades – diz.
A produção de carne pode ter um ganho de 0,6%, ou 58 mil toneladas a mais do que em 2014, porém, isto não se reflete em queda de preços ao consumidor.
Ao produtor, sim, há uma tendência de recuo na arroba nos próximos meses e recuperação entre agosto e setembro. Mesmo com a desaceleração, o valor da arroba ainda está cerca de R$ 20 mais alto do que nos últimos 12 meses.
Estes preços e embarque de tecnologia na ração dão fôlego para um crescimento de 520 mil cabeças no rebanho confinado, que chegou a 5,19 milhões de cabeças.
Fonte: DCI