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MAUS TRATOS A BOIS

Um laudo de inspeção técnica realizado pela veterinária Magda Regina no navio Nada, que ficou atracado no Porto de Santos durante uma semana com cerca de 27 mil bois a bordo, constatou “maus tratos aos animais e violação explícita da dignidade animal”.

A inspeção ocorreu a pedido da Justiça de São Paulo, que impediu a viagem da embarcação com a carga viva e posteriormente exigiu o desembarque imediato do rebanho. A revista Globo Rural teve acesso à íntegra do documento anexado ao processo.

De acordo com o relato da profissional, as condições de higiene eram precárias, principalmente para os animais ingressos na embarcação desde o dia 26 de janeiro.

“A imensa quantidade de urina e excrementos produzida e acumulada nesse período, propiciou impressionante deposição no assoalho de uma camada de dejetos lamacenta. O odor amoniacal nesses andares era extremamente intenso tornando difícil a respiração,” diz um trecho do relatório.

Tais condições se dão devido a impossibilidade do processo de lavagem. Informações do laudo apontam que o processo de lavagem dos pisos ocorre a cada cinco dias, mas apenas após a partida do navio. Um sistema que faz a dessalinização da água do mar é acionado durante a viagem. Portanto, enquanto o navio está atracado, a limpeza não é realizada. Os dejetos acumulados pelo processo de limpeza durante a viagem têm seu conteúdo descartado, sem qualquer tratamento, ao mar, aponta a inspeção da veterinária.

Ao todo são cerca de 11 pessoas cuidando dos animais na embarcação durante a viagem. O trajeto do Brasil à Turquia dura aproximadamente 15 dias. Três veterinário embarcados são responsáveis pela assistência médica e inspeção dos animais. Ou seja, para cada 9.000 animais há um veterinário. Além disso, oito vaqueiros que trabalham em turnos, verificando as condições de integridade dos animais.

Quanto à alimentação, Magda relata que há o fornecimento regular de comida e, quando em curso, o sistema de dessalinização da embarcação tem condições de produzir água em quantidade satisfatória. Mas, muitos dos comedouros e bebedouros disponíveis encontravam-se com detritos de fezes e clara presença de ferrugem.

Nas baias cada animal possui dimensões menores que 1m² por indivíduo.

 “Definitivamente, o transporte marítimo de carga viva não contempla a possibilidade de saída dos animais de suas baias de confinamento até seu destino de chegada, impedindo assim qualquer tipo de descanso ou passeio para o animal. No interior de seu recinto de confinamento (baias) e unicamente possível ao animal prostrar-se ao chão. Tal movimento certamente diminui espaço na área dos animais vizinhos presos no mesmo brete e sujeita assim o animal a contato íntimo com seus dejetos e os dejetos de outros animais.”

Os animais que falecem durante o percurso são levados à um espaço do navio conhecido como Graxaria e inseridos em um dispositivo mecânico responsável por triturar o animal completamente. Os pedaços de carcaça são descartados durante no mar durante o trajeto

Fonte: Revista Globo Rural



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