A terceira geração da soja geneticamente modificada, agora sob alçada da Bayer – que herdou o portfólio de biotecnologia agrícola da Monsanto ao incorporar a extinta empresa norte-americana -, tem lançamento comercial previsto para a safra 2021/22. A liberação para o cultivo depende da aprovação regulatória de países importadores da oleaginosa brasileira, especialmente da China.
Até lá, a multinacional de origem alemã planeja realizar uma série de dias de campo, a fim de comprovar no ambiente externo – em parceria com terceiros – os resultados dos testes de laboratório que vem realizando, referentes à produtividade e ao manejo de aplicação do defensivo recomendado para esta nova semente transgênica.
Segundo declara a empresa, as áreas de teste estão sendo cultivadas em 254 propriedades rurais espalhadas pelo País. Em uma delas, localizada no município de Lucas do Rio Verde (MT), a reportagem do Portal Uagro/DATAGRO acompanhou as atividades, com orientações de boas práticas aos agricultores direcionadas, especialmente para o manejo correto de pulverização na nova soja.
Esta terceira geração transgênica da oleaginosa oferece proteção contra as principais lagartas da cultura da soja, ampliando o escopo de defesa contra mais duas espécies relevantes (Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides), somadas às quatro que já eram alvo da tecnologia anterior.
De acordo com o executivo da Bayer, Fábio Passos, além de ser tolerante ao glifosato, a nova soja também será resistente ao dicamba, herbicida dirigido ao controle de plantas daninhas de folhas largas como buva, caruru, corda-de-viola e picão-preto.
O cuidado redobrado com os tratos culturais para nova soja tem como base mitigar o risco dos fenômenos de deriva [gota] e volatilidade [vapor] no processo de pulverização do defensivo. Fabio Pittelkow, pesquisador da Fundação Rio Verde (MT), explica que caso gotas ou vapores do dicamba atinjam lavouras de soja que não sejam da terceira geração, as plantas destes respectivos cultivos podem sofrer danos, como ocorreu em algumas situações nos EUA.
“Por isso é tão importante o manejo adequado para esta nova soja.”
Neste sentido, Passos esclarece que os produtores estão sendo orientados sobre a forma e equipamentos – especialmente bicos de aplicação – corretos para a pulverização, bem como a empresa está trazendo para o mercado brasileiro uma nova formulação do produto, desenvolvida de acordo com as características locais, com elevado potencial para reduzir os riscos de deriva e volatilidade.
Ademais, Pittelkow ressalta, ainda, que entre outras medidas que o produtor deverá adotar estão a limpeza profunda do tanque de pulverização, assim como a implantação da faixa de segurança entre cultivos da terceira geração da soja transgênica e lavouras com outros materiais genéticos.
Fonte: DATAGRO