As chuvas que ocorrem em praticamente todo o Paraná têm dificultado a colheita da mandioca que já está na reta final. Methodio Groxko, economista do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), explica que as fortes precipitações não têm permitido que os caminhões entrem nas lavouras, o que dificulta o processo de retirada da raiz.
A boa notícia em meio a este problema é que a qualidade da mandioca paranaense não tem sido afetada e o mercado se mostra favorável em relação aos preços pagos aos agricultores. Groxko explica que, com a aproximação do período de entressafra, que começa no próximo mês, os preços começam a reagir, ainda mais em um momento em que a colheita segue devagar, ou seja, menos oferta no mercado.
Segundo cálculos do Deral, o valor médio pago pela tonelada de mandioca ficou em R$ 187,20 em novembro, contra R$ 147,15/ton em outubro. Por outro lado, em relação ao mesmo período do ano passado, o valor atual é bem menor. Em outubro de 2014, o preço pago ao produtor pela tonelada de mandioca foi de R$ 238,29.
O economista do Deral explica que o valor da raiz estava muito elevado na época porque o setor vinha sofrendo desde 2013 com a baixa oferta do produto, resultado de uma forte estiagem que atingiu o Nordeste brasileiro, maior polo de produção do tubérculo do País.
Essa escassez de oferta no mercado nacional elevou os preços da mandioca. Groxko conta que a falta de matéria-prima era tão grande que produtores e comerciantes dos estados do Nordeste vinham buscar a raiz aqui no Paraná.
O economista recorda que o valor bem acima do normal pago pela tonelada da raiz animou muitos paranaenses a investirem na atividade. Porém, lembra ele, as chuvas voltaram a ocorrer no Nordeste e a produção naquela região se normalizou. A elevada oferta da raiz no mercado nacional derrubou novamente os preços.
A tendência para o próximo ano, segundo ele, é positiva, principalmente a partir do segundo semestre de 2016. Groxko conta que muitos produtores pararam com a atividade, o que deverá reduzir a oferta e elevar os preços pagos aos agricultores. Além disso, sublinha o economista, o fenômeno El Niño, que tem trazido muita chuva para a região Sul e Sudeste do Brasil, também tem reduzido o volume de chuvas no Nordeste, o que poderá prejudicar novamente a produção de mandioca naquela região, o que mais uma vez favorecerá os produtores do Sul.
Nesta safra, o Paraná espera colher em uma área de 156 mil hectares em torno de 4 milhões de toneladas de raiz, contra 3,67 milhões de toneladas recolhidas no ciclo anterior.
O motivo principal desse ligeiro aumento na produção é resultado do incremento em área de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo análise do Deral.
Fonte: Folha Web